Lágrimas ocultas
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...
E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca
Durmam com os anjos que, entretanto, também me levaram, alada, porque há milagres...
3 comentários:
Ainda bem que estás em contraponto com o soneto triste e lindo da Florbela.
Diverte-te.
... sem lagrimas! Ainda Bem... o poema é lindo.
Bom fim de semana. Eu vou ter uma daqueles que nao gosto... a trabalhar sabado, de prevencao... mas sempre é fim de semana!
Bjicos!
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