terça-feira, dezembro 30, 2008

Flores

Era pequenina e adorava flores e cores.

(eu)

Pintava sem cessar aqueles livros já desenhados, em que só tinha que pegar na caneta de feltro, no lápis de cor ou no de cêra, e encher os espaços com minúcia, com todo o cuidado para não sair fora e parecer real.

Preenchia tudo, procurava uma arte que achava conseguir só nessa tarefa.

Queria criar as bordas das coisas que nasciam no papel mas, para isso, não havia recebido talento, pensava.

Satisfazia-se assim em animar folhas mortas, cinzentas com vida, acreditava.

No entanto, quando passeava no campo e olhava as cores das flores, meu Deus, aí sim, era a certeza que só há vida assim.

Quando explosões de arco-íris cá em baixo dos pés nos aparecem do nada como prendas divinas e que nós nos esforçamos para não pisar, por não estragar, em vão!

E aí percebia: encher um papel de cor é arte, também.

É a tentativa de dar-lhes a vida que o processo químico lhes tirou quando eram árvore, quando eram um ser vivo como eu e tu, e que até chegar a folha de escrever soa a injusto.

De cada vez que uma criança pega num livro de pintar e o enche das suas tonalidades, escolhidas por si, não está a fazer mais do que a tentar trazer de volta à vida uma simples folha de papel...

Olhando para trás tenho a certeza de que era isso que eu queria: animar os desenhos para dar alma àquilo que imaginava...e dar-lhes a vida de volta!

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Cruzeiro *****

É o que estão, neste momento, a fazer o meus meninos entre Estocolmo e Helsínquia.

Vão ver a família suomalainen.

Já eu, and dispite all, tive um muito especial dia de Natal.

Mimo não me faltou, pois não...ão?


Que prenda boa.
Graciosa.
Ao alcance de todos.

Abracem-se muito,
Lambuzem-se de beijos,
Vivam assim o Amor.


Feliz Natal!

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Enregelada!

Cheguei da rua com a Mousse.

O telefone tocava há não sei quanto tempo.
Corri e ainda apanhei o lado de lá.

Era a mãe do Jorge a desejar-me um Bom Natal.
Pensei: há, de facto, qualquer coisa muito forte que nos une a todos: ontem, na Missa do Gil, só me lembrava dele.

E, novidade, o Jorge foi tio.
A Vera, a sua irmã, teve agora um Dinis. Inseminação artificial, dois anos depois dum casamento falhado de 17.
O pai? Não sabe, um dador de girinos.

Agora uma coisa é certa, o Dinis tem mãe, avós felizes e um Tio que lá de cima deve estar em júbilo.
Parabéns a todos.

Um Santo Natal e que o neófito tenha pelo menos metade da beleza do tio e o dobro da força.

E já estou quentinha!

domingo, dezembro 21, 2008

Estranho!

Isto

Mantem-me alerta!

Sacos Grandes que Guardam Sacos Mais Pequenos

Amore Musica (traduzido em português do Brasil)

Para não jogar fora as lágrimas que chorei
Me levantar ainda que voando e me fazer sentido, mesmo que sozinho

Com esta música que canto sem você
Mas meu teatro está vazio e, esta multidão, está muda...

E você sabe, não esqueci de você
E terminado o ontem a música estava
e é por isso que eu que nunca finjo
Sozinho me perguntei:

"Agora por quem canto?"

Amor e música

Estou de novo aqui
Por quanto fôlego terei

A voz e a alma é tudo aquilo que tenho
É tudo aquilo que tenho

Para não jogar fora o meu desespero
Para não tocar o fundo e fazer uma canção

Amor e música que brincam de roda
De novo estão de mãos dadas

Neste meu teatro cheio
Me encontrei
Encontrei...

Amor e música

Estou de novo aqui
Por quanto fôlego terei
A voz e a alma é tudo aquilo que tenho
É tudo aquilo que tenho

Amor e música

Como dois corações afiados, no coro farei.. eu farei...
Do seu canto o meu orgulho
E o meu encanto

Faróis acesos contra a escuridão
Como dois ternos amantes
Olhares lúcidos na platéia

E nós entre tantos
Amor e música mais uma vez estão de mãos dadas
Se em meu teatro cheio eu
Encontrei

Encontrei você

Amor e música

Russell Watson


Infelizmente, e por muito estranho que (me) pareça, não encontro a música no youtube...só um minuto promocional da MTv.
É maravilhosa...e tocante.
Se conseguirem encontrar ouçam,


Cheguei da Basílica da Estrela há 2 horas. Faz 6 meses que o Gil partiu e a Missa foi cantada, linda.

Ainda não tinha almoçado e abri a porta da despensa à procura dum tempero para uma receita que ia começar a inventar.

Dei de caras, no chão, com um grande saco de plástico esventrado, donde saíam outros sacos, mais pequenos.

Ameaça antiga.
Enfiava para lá todos aqueles que não serviam para levar lixo e, mais cedo ou mais tarde, o grande, o tal em cima do armário, explodiria.

Foi hoje.

Tinha lá dentro (vejam bem, coitado), um do Ikea, maior do que ele e que era obrigado a suportar.

Resolvi: é hoje, que se lixe o almoço, gorda como estou só me faz bem jejuar.

E assim foi, a trasfega.

No meio de sacos, saquinhos e sacões, cai-me no colo um rebuçado roxo gigante, tão bem preservado como se o tivesse recebido nas mãos ontem, dado o amor revelado pelo esmero do embrulho.

Parei. Olhei fixamente para o meu passado e quis lembrar-me de quem mo deu, porque mo deu, porque não me desfiz dele, porque está fechadinho, o embrulho, como se nunca tivesse sido aberto?

Como uma criança pequena a abrir presentes no Natal, apressei-me a destruir toda aquela obra de arte, rasgando tudo, em ânsias de chegar ao conteúdo.

Uma caixa de perfume, aparentemente vazia.
Mas só aparentemente.

Lá dentro tinha um mini envelope.
Ainda pensei:olha, queres ver que na altura em que recebi não reparei, mas está aqui o segredo do dador e do amor que o moveu?!
Não estava.

O Perfume em causa é da Clarins e chama-se Par Amour.

E, dentro do envelope está um poema em várias língua, omitindo o autor e que transcrevo:

"Amar exprimindo
Em parcas palavras
De relance
Sob a égide dum olhar
No eco radioso duma gargalhada

Amar sentindo
Um aperto na garganta
Tremendo de alegria
Na alcova dos teus braços
Para jamais voltar a partir

Amar partilhando
Porque tu és tudo
Amor e alegria
E desejo contigo
O amor eterno"

Coube tudo no outro saco. A surpresa neste envelopezinho guardei-a para memória futura.

Para me lembrar, sempre, que não existe jamais

Hoje, Agora e Aqui.

E só, não é Gil?

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Estado de Espírito!




Esturpor

esse súbito não ter
esse estúpido querer
que me leva a duvidar

esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir

esse pegar ou largar
essa poesia vulgar
que não me deixa mentir.


Paulo Leminsky

(e já hoje é 19...e já hoje há o silêncio)

terça-feira, dezembro 16, 2008

Irmandade

Logo que conseguir loggar-me ( falta pouco, não é Tremelix?), pertenço-lhe nos textos, verborreio em catarse por lá.

De experiências e caminhos tortuosos e de VITÓRIAS, já partilho.
Ou não estive ali o nosso processo de sobreviventes à dor maior que, parecendo, NÃO NOS VENCE.

Leiam-nos.

Entendam-nos e,
Quem nos quer bem,
Segure-nos a Alma Dorida,

Com a amizade presente,
Incondicional,
Imortal.

Eu sei que muitos que me amam vão aprender com os escritos dos outros, aquilo que EU não consigo dizer.

http://tremelix.bloguepessoal.com/2/

AQUI!

Gripe!

Que coisa chata, pegajosa e inconveniente.

Agora? A dois dias da partida DELES? Todos doentes, até eu?

Ora , merdinhas.

Não gosto de ti Gripe, por isso aceita e pira-te.

JÁ!!!

(devia haver uma lei)

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Caldeirão do Susto!

Um dia, era eu pequenina e caí nele.

Era escuro e fundo e com pouco ar.
Queria sair dele mas não conseguia porque um caldeirão tem umas paredes que não ajudam.

Para além de serem lisas, sem saliências que me suportassem um passo acima d'outro, quanto mais subisse mais elas inclinavam, me inclinavam, para a queda certa.

Enquanto sentada no fundo, de pernas cruzadas, pensava (eu mesmo pequenina, assim tipo quase bebé mas falante), vou gritar pela mãe. As mães salvam sempre os filhos.

Mas não saiu nenhuma voz porque, infelizmente, a idade era inversamente proporcional à perpicácia e então ela, a voz, ficou guardada.
Sabia que não me ouviria, a mãe...nem ninguém. E não gritei!

Chorei...chorei a minha perda, muito. Chorei-a com egoísmo e com altruísmo por, já de tão tenra idade, saber que faria falta a um pequeno grande mundo - o que me estava destinado - se morresse ali.

Frio. Medo. A solidão incompreensível para uma criança.
As crianças não percebem a solidão porque ela não é natural. Porque foge do percurso que é o normal: o da presença, do carinho, do mimo e da birra repreendida.

Não desisti.

Queria ser a Pipi das Meias Altas que já nessa altura venerava.
E chamei-a. O mais alto que pude.

E ela veio, no seu cavalo Sarapintado.
E, com aquela força mágica, atirou uma corda e puxou-me do Caldeirão.

Abraçámo-nos, rimo-nos e, sem outra ideia melhor, resolvemos aproveitar o meu cárcere para fazer uma Massa à Bolonhesa, cheia de queijo parmesão.

E comemos, e o macaco Nilsson e o cavalo Sarapintado também e, depois, como eu era mais pequena e não sabia ler mas a Pipi já sabia, fui a correr a casa buscar a Menina do Mar, da Sophia de Mello Breyner.

A magia tem destas coisas e a Pipi leu tudinho em português correcto, mesmo sendo do Norte, lá muito em cima, dum país chamado Suécia.

Como o livro tinha ilustrações e a Pipi é muito especial percebeu a história toda e adorou, como eu adorava, a história.

Foi um milagre a Pipi salvar-me.

Foi um milagre eu ter vivido e ter 3 filhos maravilhosos.

É um milagre eu ainda ACREDITAR!

P.S. nunca saberei o que teria acontecido se tivesse gritado MÃE.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Só um Bocadinho...

...mas tenho.

Inveja de quem tem amor total, profundo, do abraço presente, sempre.

Merece-lo-à.

Falo de alguém que já me amou assim, que já amou a seguir assim também, ou talvez mais, e que já ama de novo, quem sabe em crescendo.

Sorte? Ná!

Eu, conhecendo-o muito bem, direi que os anjos o guardam, as estrelas o guiam e o carácter o premeia.

Fico muito contente amigo. Muito!

quinta-feira, dezembro 04, 2008

Sempre Surpreendente

Hoje, 8h da manhã, conversa com Henrique enquanto olha o interior do frigorífico e escolhe o sabor do iogurte a misturar com os cereais que tem na mão:

_ Mãe, vou fazer uma adivinha. Qual é a comida que liga e desliga?

Eu, ensonada, respondo um hã? aparvalhado. Repete:

_ Mãe, vá lá, pense!!! Qual é a comida que liga e desliga?

_ Filho, não faço idéia, estou com sono e por favor responde lá...

_ Strog-on-off.

Sorriu!

_ A mãe é distraída e está preguiçosa, porque senão adivinhava. É que é tãããão fácil. Foi o jantar d'ontem.

É giro ser mãe deste garoto :)

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Ande naú fór someçing complitli diferente...

Começa o raio do countdown para mais um NATAL que não vai ser e um ANO NOVO que, thank God nada significando para mim, me faz faltar os beijos lambuzados de quem lhes dá importância, SIM.

Ligam-me impreterivelmente às 23h01.
É a passagem deles, lá pelas Escandinávias, uma hora antes do nosso relógio e passa a ser a minha porque depois acabou :)

E agora, preparar.
Lá vão eles, dia 18, naquela coisa do demo com asas, para longe longe.

Mas voltam.

Voltam sempre, com aquele abraço grande e apertado que as saudades não contêm.

É dia 4 de Janeiro e, se virmos bem, até está quase.

O pior são aqueles momentos do : now bording, gate closed, departed...em que, com as lágrimás a rolar, normalmente no sentido oposto ao chão porque os meus olhos estão, nesse momento, prostrados no céu, corro para fora do Aeroporto adivinhando qual a máquina que mos leva.
Ninguém me manda ficar lá. Ampliar a angústia mas, no fundo, quero deixá-los bem entregues: ao Céu

Coisas de mãe.
Coisas que mães entendem.

Dada a Condição Irreversível de Morte Matada do meu (snif) HP de 5 Aninhos de Idade

Comprei outro.

Tenho a sensação de isto de não ser mãe há 9 anos me condicionou a escolha, me Tolhou os movimentos me apanhou de coração nas mãos.

O preço ajudou, admito. Mas, independentemente do tamanhito, faz tudo o que os outros fazem e mais, é liiiindo de morrer.

Depois, é MESMO portátil. Levo-o na Carteira.

Ah, e traz o Windows XP que elegi preferido. O E-escolas veio com o vista e baralho-me toda.

E
Sendo funcional
É branquinho
Como a neve que cai
A custar 359€?
Vai lá vai.

:)