segunda-feira, junho 27, 2005

A Música e os Espíritos

Era uma vez um trovador que cantava coisas extraordinárias, sobre pessoas comuns e que, por onde passava, acordava os espíritos do bem.

A música tem essa magia única de trazer à alma um turbilhão de emoções que fazem com que esta acorde o espírito.

Esse, o espírito, fica exaltado e não se aquieta até que a melodia lhe traga aquilo porque anseia e que, a maior parte das vezes, está escrita nas letras que a acompanham. Depois a alma dá a mão ao corpo e ficam quietos, a saborear o momento de unicidade rara.

As mínimas, as colcheias, as semi-colcheias, os bemóis, quando em harmonia, têm destas coisas...

quinta-feira, junho 23, 2005

Eu nem sou socialista, muito menos socrática...

...mas reconheço que este governo teve alguma coragem em mexer num 'status quo' de determinadas facções profissionais que, por comparação a outras, aviltavam injustiças insustentáveis.

O caso dos propfessores é paradigmático e eu aplaudo de pé as medidas anunciadas e só acho que pecam por defeito. Há ainda que mexer muito mais.

Falo com conhecimento de causa.

Amanhã, dia 24 de Junho, vou agraciar em conjunto com outros 23 encarregados de educação uma excelente professora primária que termina este ano a sua vida profissional, pelo menos ao serviço do Estado, aos 52 anos de idade.

É uma mulher de vocação, na profissão que exerce.

Poder-se-ia ter reformado há 2 anos atrás (???, perplexa), mas OPTOU (isso mesmo) por levar estes meninos até ao fim do seu percurso do 1º Ciclo do Ensino Básico. O meu catraio do meio faz parte dos felizardos que ela acompanhou, desde as primeiras letras, há 4 anos atrás.

À professora Lu presto o meu tributo, por tudo o que fez ao longo da sua carreira, com uma maior expressão quanto ao Martim por razões óbvias (terminou o ano com média de 17, sendo o maior calão 'contrariado' que conheço :D ), deixando no ar a questão que me fez escrever estas linhas: porque não pode esta senhora acompanhar o meu mais novo, que entra em Setembro no mundo escolar? Porque raio se é 'velho' (ou se pode ser) quando a pele ainda nem rugas apresenta e os olhos apresentam uma vivacidade expressiva e cheia de conhecimento e experiência para partilhar???

Algo vai mal quando se vai por aqui...

segunda-feira, junho 20, 2005

Desfé nos Crescidos!

Acabei de inventar esta palavra. Não é, sequer, foneticamente agradável. Descrédito não é sinónimo e eu não me lembrei de nenhum. Haverá, concerteza, mas não me ocorre.

Como escrevo ao correr dos dedos, sem pausas ou equilíbrios, não me sobra discernimento para a construção pausada e pensada das palavras feitas frases. Escrevo com nervos, quase sempre. Escrevo para mim, como catarse. Ninguém me leia à procura de sentido...não vai encontrá-lo.

Quando catraia, ainda primeira infância, fazia teatros em frente ao espelho. Quarto todo escuro e interdito aos outros com quem me via obrigada a partilhar o espaço.
Ninguém entrava enquanto não acabasse a minha 'viagem' por terras do imaginário. Invariavelmente começavam na história da 'Menina do Mar', da Sophia de Mello Breyner,
meu livro de estreia depois de aprender a conjugar as letras que faziam palavras, que por sua vez faziam frases que me levavam para um outro mundo, outra dimensão.

Eu era essa menina, a do mar.
Às vezes até acho que ainda sou!

Ó oceano, embala-me nas tuas ondas e não deixes que a terra me leve...não me deixes crescer!

Trovoada

Queria chamar-me Bárbara
Queria ser tempestade e varrer o céu
Deixá-lo limpo depois da borrasca
E que não sobrasse nada...talvez o breu

Que coisa egoísta, esta! O céu é de todos e eu queria-o só para mim.

sexta-feira, junho 17, 2005

Missangas Amarelas

Hoje, tenho vestido um top, cheio de missangas amarelas como o Sol. Sempre que me mexo, cai uma ou outra no meu colo. Pego nelas e, com pena, atiro-as ao infinito que fina no chão.
Gosto do amarelo mas prefiro o verde. Não havia nessa cor e optei por esta...de qualquer maneira, mesmo verdes as missangas caíam, tenho a certeza.

O calor é coisa estranha. Sonha-se com ele durante os meses frios mas, quando chega, quer-se frscura e folha caída. Não eu, que me deprimo, invariavelmente, no Outono. Embora goste de castanhas...

Ufa, vou ali beber uma Boémia e tal!

quinta-feira, junho 16, 2005

14.30 dentro dum Saxo num dia de calorina!

Desaconselho, sendo o modelo um daqueles básicos, cujos únicos extras são um airbag para o condutor e um rádio que tem uma plaquita que se tira (que por acaso já foi à vida, roubado numa noite de Verão em que deixei a janela aberta...).

Hoje, à hora supra referida, dirigi o dito em direcção ao Parque das Nações. Quando entrei e me sentei no banco do condutor, o termómetro que não tem (não era extra, lá está), marcava praí 60º.

O volante queimava e a manete das mudanças idem. Peguei num toalhete limpa vidros que tinha comprado (pronto, alguém mo comprou, confesso envergonhada...e também me encheu os pneus mas eu não fiquei gorda ó isso), há dias numa bomba de gasolina a caminho de Azeitão e fui a guiar com ele na mão direita, na esperança de evitar uma qualquer queimadura de 5º grau.

De janelas abertas, a única coisa que consegui foi ficar totalmente despenteada, impossibilitada de ver o caminho, o que me trouxe alguns contratempos (palavrões indizíveis de colegas de faixa de rodagem).

Resolvi subi-las, as janelas, e cozi...literalmente. Hoje, se alguém quiser provar (no bom sentido ), temos Di flambé... É fazerem as reservas!

Ai eu...

terça-feira, junho 14, 2005

Não Morrer É Isto

As Amoras

O meu país sabe as amoras bravas no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país,
talvez nem goste dele,
mas quando um amigo me traz amoras bravas os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.

Eugénio de Andrade ("O Outro Nome da Terra")

Leio-te hoje como te lia anteontem, e nada mudou...

:)

domingo, junho 12, 2005

Contentona!

É como eu ando.

Cirando por aí, menos por aqui.

Falta tempo para pôr em palavras o quotidiano.

Volto qualquer dia!

Té...

;)

sábado, junho 04, 2005

Descontentinhos!

Os portugueses, onde obviamente me incluo, têm uma enorme tendência para se assumirem como 'inhos'. Estão a maior parte do tempo descontentinhos, raramente contentinhos e quase nunca assumidamente 'qualquer coisa' terminada em 'ãozão'. Raras vezes se zangam a sério. Raramente se rebelam ou se manifestam sem aquele 'sufixo' dimunuitivo de condição.

A não ser no mundo futeboleiro. Aí, são capazes de superlativos, de que usam e abusam.

Agora, estão desiludidinhos com Sócrates...e só...mais vai-se andando, menos mal!!!

(eu não estou desiludida nem nada que se pareça, note-se...é que nunca me iludi, topam?)

quinta-feira, junho 02, 2005

Caminhando...

...pela estrada de pó, envolvida num calor seco, vejo andando na minha direcção um velhote cambaleante. Quando nos cruzamos, sinto-lhe o cheiro da falta de higiene, tão evidente como a confusão mental que o envolvia. Parei e segurei-lhe a mão, num impulso, reconhecendo a grandeza do gesto tendo em conta que os vómitos eram incontroláveis dada a minha sensibilidade exacerbada aos odores nauseabundos. Mas não hesitei um segundo, amparando-o nos braços, contendo o olfato.

Abracei-o sem uma única palavra. Olhei-o nos olhos, mostrando-lhe que já não se encontrava sozinho, que estava ali e que, vá-se lá saber porquê, me apetecia mimá-lo. E fi-lo. Sentei-me com ele, debaixo duma azinheira sombria, deitando-lhe a cabeça no meu colo. Acariciei-lhe os cabelos enquanto ele, em silêncio, deixava escorrer as lágrimas da surpresa pelo rosto abaixo. Plim, caiu uma na minha mão que lhe amparava o pescoço. Sem sequer me aperceber, lambi-a. Engoli-a e saboreei o momento...verdadeiro amor universal, sem nome nem nada.

O senhor, de repente, fez-me um pedido:

_ mude-me a fralda. Está suja e não consigo fazê-lo sozinho. Faz isso por mim?

Fi-lo. Grande EU! Acho que sou uma pessoa verdadeiramente boa.

quarta-feira, junho 01, 2005

Nunca, até hoje...

...um 'delete forever' me soou tão pertinente!

(um dia, quando for mais evoluída, seguirei em frente com a mágoa atrás, presa num qualquer sobreiro do caminho, feito um nó de marinheiro que, um dia, saberei laçar...precisava de férias, mas não quaisquer umas...)

As Marés...

Dizem, há mais que marinheiros.

Eu encontro-me no cais, à espera da embarcação que me leverá longe, sem perguntas, sem 'à priori's', sem querer nomes ou impressões digitais.

Vou, com ou sem volta, é indiferente...hoje!

E se, de repente...um desconhecido lhe desse uma estalada...

...levava outra, com maior vigor. E pensaria duas vezes antes de atacar fêmeas com ar inofensivo!

Mainada!!!

Gostava de ser um triângulo...e equilátero

mas, no máximo sou um obtuso...e não passo disso!