terça-feira, maio 31, 2005

No Dia Mundial Sem Tabaco

(é mais Dia Mundial Cem Tabaco...)

Estou aqui, sentada no sofá com o laptop no colo, a fumar uma cigarrada. Sabe-me que nem ginjas cada baforada. Penso que se morrer 'à cause', foi uma escolha que fiz, consciente.

Comecei a fumar aos dezasseis anos, no meio das duplas competições em que participava, à altura: natação e volleyball. Era federada e fazia check-up's regulares no Centro de Medicina Desportiva, ali no CDUL. Depois do cigarro, que teimava em fumar antes do electrocardiograma de esforço, a pulsação que rondava os sessenta batimentos por minuto em condições idênticas de pulmão limpo, subia para cem. Quase chumbei no exame à custa do maldito vício. Mas só quase, porque mesmo assim não era preocupante, segundo o phisico que acompanhava o papelinho riscado que saía da máquina enquanto eu corria parada.

Hoje penso que, mais de vinte e cinco anos de alcatrão acumulado nas vias respiratórias, se usados em novas vias de comunicação rodoviária, ajudariam sobremaneira a diminuir o déficite.

Usem-me...façam-me esse favor!!!

domingo, maio 29, 2005

Acasos

Por acasos, e só por acasos, fico às vezes triste. Não desenho cenários, não construo 'estórias' com final duvidoso, não penso sequer em fatalidades. Só fico assim, triste.

Que mensagem subliminar a tristeza não explícita tentará passar? Que lição me mostra que me escapa?

Posso tentar perceber mas, confesso, acho que é inútil. Deixar a tristeza fluir é tão importante como aproveitar os momentos felizes, a maior parte deles fugazes, escorregadios.

Momento lúdico: ouvi, este fim-de-semana, alguém queixar-se do contrato que tinha conseguido por ser apenas um 'party-time'. Eu cá acho que rejubilaria com tal coisa...mas ele há gente que não se contenta com nada!!!

quarta-feira, maio 25, 2005

A Saga de Razão Está de Férias

Os impostos...pois...

Queria muito perceber o que mudou desde aquele dia (seria de Março?) em que Victor Constâncio avisou da necessidade de aumentá-los. Se bem se lembram, nessa altura, o nosso 1º garantiu que, no matter what, isso não aconteceria. Ok, ok, caiu uma bomba atómica neste cantinho, aconteceu uma terrível catástrofe, houve cheias, ou seca ou coisa similar e, de repente, teve de ser...

Sabe Sr. Sócrates, não se promete aquilo que não se sabe se se pode cumprir. É só esta a questão. A reter...

quinta-feira, maio 19, 2005

Taça UEFA

Bom, já bastante depois de terminado o jogo chamei um táxi. O motorista era benfiquista, mas fez questão de me dizer que se tinha juntado à torcida verde durante aquela hora e meia que durou a partida.
Sem comentários, eu ia dizendo uns lacónicos 'pois', desconcentrada, ouvindo apenas as terminações das frases que o dito teimava em lançar boca fora.

Não me apetecia conversa, raios. E, quando assim é, desligo o motor e vou vomitando expressões automáticas tipo 'hã hã', 'claro', 'mainada' e coisas assim...

Às vezes corre mal porque o interlocutor formula uma pergunta e eu respondo 'talqual'. E depois repete a pergunta e eu, envergonhada digo que é ali, na próxima à direita.

Quando percebi que a conversa já não era futebol e sim itinerário passei a prestar atenção. E acabei por ouvir esta pérola:

_ sabe, menina (esta parte faz-me sempre um enorme bem à alma), no sábado 'apanhei' quatro 'indivídas' que vinham do jogo na Luz. Uma era também sportinguista (o também devia ser comigo talvez porque no meio de tantos 'pois' me tenha denunciado) e disse-me que, durante o jogo, quase sofreu um 'miocárdio'...eu disse-lhe que era muito novinha para morrer disso. Que não se preocupasse que para o ano haveria mais campeonato e ela estaria vivinha da silva para assistir.

Não pude deixar de sorrir e concluir que vou passar a prestar mais atenção às conversas de circunstância que se mantêem nos trajectos dos táxis. Às tantas, o que eu ando a perder...

quarta-feira, maio 18, 2005

Nem mais...

No momento em que partilho com alguém o facto de ter concorrido com dois textozitos ao concurso do leituras.net e esse alguém me questiona sobre que escritos resolvi partilhar, respondo um lacónico: não me lembro...

A propósito, ele sai-se com esta:

_ tu és daquelas que conta uma anedota a si própria e no fim se ri e diz que essa não conhecia.

:D

Pronto, achei brilhante, a tirada!!!

terça-feira, maio 17, 2005

Quanto ao amor...

...não havia mais do que casos inconsequentes, que lhe passavam pelos lençóis sem deixar rasto. Punha-os a lavar imediatamente após o coito, sem guardar memória do perfume de quem lá passara.

Paradoxos...

Depois de alguns anos no mercado de trabalho e do reconhecimento num curriculum exemplar que lhe abria as portas de qualquer atelier de arquitetura, Razão 'guinou' o volante e dedicou-se à arte do restauro. Rapidamente passou daí à criação das suas próprias obras de arte e não faltou muito para a sua vida se tornar num rodopio de 'vernissages'. Vendia tudo porque, além de haver procura, não sentia qulaquer apego às peças que moldava. Usava desperdícios e materias nobres, numa conjugação estranha e dura mas que, paradoxalmente, se harmonizava.

Começou a sentir (sentir?) que devia pensar menos nas formas, usando aquilo que sentia para criar outra coisa, menos geométrica e mais anímica.

Chegou à escrita resolvendo experimentar transcrever as emoções que cada peça que nascia representava. Era um primeiro passo para ir mais fundo no processo criativo...

quinta-feira, maio 12, 2005

Carácter de Razão

Forte, intuitivo, solto, persistente, camarada, confiante, confiável, mordaz!

Fez-se assim homem, deixando-se levar pela vontade de ampliar horizontes e exponenciando características que achava louváveis.

Havia, no entanto, demasiada matemática na sua cabeça, sempre martelando na lógica das coisas o que, inevitavelmente, levava as mais das vezes a um sentimento profundo de frustação.

'Há razões que a própria razão desconhece'

Custava-lhe aceitar isto, como lhe custava ter passado o metro e noventa e não haver roupa que lhe servisse, muito menos calçado. Nº 48 reduz drasticamente as hipóteses de escolha do dito, para além de constituir um peso extra no seu orçamento de arquitecto em início de carreira.

Quando se apaixonou, mediu tudo o que sentia com fita métrica: amo 30 cm ou chega ao metro? vale a pena investir numa relação a partir de que medida? se investir, manter-se-à o estado de graça ao metro ou ao quilómetro?

Razão não estava preparado para se relacionar com alguém sem conta, peso e medida.

Começa aí o seu desnorte. Começa aí a sua busca do que se encontra maizalém, para lá do mensurável.

A metafísica passou a ser assunto de estudo...

domingo, maio 08, 2005

Armários

Idades difíceis essas. Razão não fugiu dela e dela tirou proveito. Cresceu até às núvens, magrinho e desconjuntado. Sempre bom aluno podia escolher continuar a estudar, depois de terminado o secundário. Tinha média para entrar onde quisesse, sem ter de recorrer a uma qualquer Universidade Privada que a mãe não poderia sustentar. Escolheu Belas Artes porque desde pequeno que os lápis de carvão lhe desenharam a história, mais do que as letras que sabia ordenar mas que, dizia, careciam de 'alma'. Essa encontrava-se nos desenhos que rabiscava, altas horas da noite, perseguindo o fim duma 'estória' dum personagem fantástico que criara em BD: o Sr. Emoção.

Entrado na faculdade, começou cedo a perceber que esse Emoção careceria de desenvolvimento. Teria de aplicar-se mesmo, se o quisesse fazer aparecer com enredo consistente e interessante.

No fim do curso, percebeu que o nome dele não teria sido escolhido ao acaso...depois explicarei porquê!

quarta-feira, maio 04, 2005

Razão e Aprendizagem

Aprende-se todos os dias, basta estar atento e focalizado.

Razão absorvia com avidez todas as horas do dia, fosse ajudando a mãe nas tarefas domésticas, fosse numa qualquer brincadeira.

Era observador e analítico o que fez que, quando chegasse o momento de ingressar na Escola (aquela outra, formal, em que o bibe se impunha), levasse com ele uma relativa vantagem em relação aos outros pimpolhos agarrados à saia das mães.
A sua, doce e presente, foi naquele 1º dia ausente, por puro mau feitio duma patroa enrezinada e prepotente. Mas isso foi coisa que Razão percebeu e que não lhe deixou marca.
Começava para ele uma nova etapa importante que, sabia, lhe traria um mundo completamente novo: o das letras com sentido.

Aprendeu a ler em três tempos. Era um aluno aplicado e rapidamente se tornou um dos alunos favoritos da professora Rosário, mulher com muitos anos de profissão que cedo percebeu ter ali, em Razão, um desafio maior que os outros...

segunda-feira, maio 02, 2005

Independência Relativa e a Merceeria

Era como que um passo de gigante.

Razão, já crescidote, ia fazer recados à esquina da rua e vinha com um saco cheio de encomendas. E cumpria à risca, trazendo a lista completa, tal qual era suposto. Razão cresceu quando se tornou responsável pelo arroz e pelas batatas. E pela fruta, que também era pelouro seu.

Até lhe nascerem as borbulas, que não havia creme milagroso que fizesse desaparecer, Razão contentava-se com o status quo. Era crescido porque ia fazer compras, abastecendo a casa à custa daquele olhar suplicante de géneros a que o Sr. Manuel não resistia. Conseguia fiado, depois gerindo notas e moedas, logo que a mãe conseguiu um trabalho que pagava a horas.

A vida de Razão não era má. Dava para sonhar com grandes feitos futuros, com possibilidades infinitas e com a alegria que a esperança ainda não lhe roubara.

Ia ser astronauta, havia decidido...