sábado, dezembro 30, 2006

Jantar de Amigos

Hoje, dia 30, vou fazer um jantar especial.
Consegui juntar a disponibilidade dos meus amigos de infância, todos à excepção do Jorge que, lá onde estiver, estará conosco também.

Sabem? O Gil tem cancro. Está no meio do tratamento de quimioterapia, com as sequelas todas que aquele veneno trás consigo.

Hoje, à meia-noite, o Gil faz 41 anos. E vai estar aqui (contra todas as expectativas duras e realistas que lhe ditaram, ao descobrirem a doença), se conseguir aguentar-se aos enjoos, a viver esse momento conosco.

Somos quase 30 porque nos fomos multiplicando. Mas somos os mesmos 15 que desde que somos gente, e nos lembramos disso de ser gente, sempre descobrimos a vida juntos.

A família escolhida são os amigos.
Eu amo-os e estou muito feliz por abraçar, hoje, um a um, e sentir, como sempre sinto, que foi ontem a última vez que nos encontrámos.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

A Natureza Também se Engana...

«Feminina»


Eu queria ser mulher para ter muitos amantes
E enganá-Ios a todos - mesmo ao predilecto -
Como eu gostava de enganar o meu amante loiro, o mais esbelto,
Com um rapaz gordo e feio, de modos extravagantes...
Eu queria ser mulher para excitar quem me olhasse,
Eu queria ser mulher para me poder recusar...

Mário de Sá Carneiro


Este poema, tão duro quanto desesperado, representa para mim qualquer coisa paradoxal, uma ambiguidade de sentimentos.


É escrito por um homem.
Mas poucos escritos que conheço, nascidos do género oposto, apresentam um tão nítido código feminino.

Génio, este poeta que se enganou no corpo.

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Uma Posta Dedicada em Exclusivo ao Carregador de Menires.

Eu podia ser um menir. Sou tão difícil de carregar como um desses.
Queria dizer-te duas coisas. Não fazendo ideia de quem és:

1º tens toda a razão, quando te amofinas com a estória do fim anunciado de blogues. Também eu fico irritadíssima com isso. E vou levar em conta aquilo que disseste em relação à minha escrita tocar corações. Não me conhecendo de lado nenhum, a tua opinião é isenta e ajuda-me a pensar que isso pode ser mesmo assim;

2º o Marques Mendes é o contrário daquilo que vê. Eu também, por razões absolutamente opostas.

Obrigada pelos comentos, sejas tu quem fores ;)

Horas Ganhas

A pensar.
A ordenar fios soltos.
A perceber que aquilo que parece acaso, não é.

Ao subir escadas os últimos degraus são sempre os mais difíceis.
Mas nunca, até hoje, desisti de os escalar até chegar ao fim.

Não vai ser agora. E estou tão perto. Quase lá.

E juro que consigo!

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Quase Quase

Mesmo quase...ufa!

Depois, contagem decrescente para outra seca: o Ano Novo.

Que passe assim, de rajada...

sábado, dezembro 23, 2006

Pés Nus

Costumo correr pelos campos,
Descalça, sem medo das pedras.

Páro por vezes e colho uma erva daninha
E olho-a,
E penso que daninhos são os Homens
Não as ervas.

Gosto de correr pelos campos,
Descalça,
Em sonhos...

Di


(reparem na subtileza do bold)

A vida

É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo,
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre o eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...

Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!

Florbela Espanca

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Que Maçada

Estava ali alguém a lembrar-me disto:

Logo hoje que tenho de limpar o pó à casa, precisamente a essa hora.

Gaita!

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Silêncio Interrompido

Alguém que o quebra
Que me abraça
Que me mima e preenche
Que me aconchega

Quero corresponder
A tudo o que me dá
Possa eu...

Um Dia Atrás do Outro

O silêncio, a merda do silêncio.

Soubesse eu e nunca tinha sido mãe. Ou tinha, sei lá.

Fiquem sabendo, aqueles que ainda vão a tempo, que da maior alegria vem também a maior tristeza.
Que, quando se experimenta a paternidade tudo muda, radicalmente.
Que o centro do universo sai de nós e se instala naquele ser gerado, que nos absorve por completo. Nada mais importa.

Hoje, sonhei com eles. Sonhei que me acordavam, como sempre, com beijos e abraços.
Era só um sonho e a solidão invadiu-me.

Repito: soubesse eu e nunca tinha tido filhos e vivia em África, a cuidar dos filhos dos outros. Com o amor e a distância saudável dele, desse amor que nunca seria visceral.

O meu mais pequenino ontem disse-me: mãe, tenho saudades do cheiro do teu cabelo. Engoli as lágrimas, guardadas para depois.
E fui ao cinema. E tentei, em vão, esquecer que este Natal vai ser uma bosta.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

E Neva...

Finalmente, neva.
Os mais velhos fazem bolas de neve, o mais pequeno quadrados.
Dá mais trabalho mas ele é assim, elaborado e paciente.

Está frio, cá e lá.
Lá mais do que cá nos termómetros mas menos que cá no meu coração.

E depois, as Festas de Natal das empresas, começam hoje. Como free-lancer tenho várias. Sempre são umas borlas de comida mais ou menos apelativa.
De resto, aquele espírito de amor pelo próximo resolve-se com 3 caipirinhas antes da refeição.

Não, ainda não desejo Feliz Natal a ninguém. Tem tempo!

terça-feira, dezembro 19, 2006

Quando nos Apaziguamos com o Destino

Fica tudo mais fácil.

Aceita-se a vida como ela é, muda-se o que se pode mudar, nada-se nas ondas do destino sem ser só para sobreviver. Sente-se a água na pele, quente ou fria, revolta ou calma.

Eu passei momentos em que achei que as ondas me iam engolir.
Nada mais errado.
As ondas, essas que achei ameaçadoras, levaram-me a alturas que me deram uma visão das coisas tão mais clara, verdadeira.

Quando achava que me afogava, descobri várias coisas:

1º: que a natação que fiz 15 anos ajudou muito;

2º: que quem verdadeiramente me ama nunca me largou, lançando-me bóias que agarrei porque com elas vinha a verdadeira vontade (desses 'quem') que eu não fosse embora, que ficasse porque era importatante nas suas vidas (maior benção? não há);

3º: que quem se dizia amigo e não sabe ser revelou-se, e o desencanto fez-me crescer e perceber que o que não me mata faz-me mais forte e que a desilusão só existe porque, distraída, criei ilusões;

4º: que, quando chorei, houve sempre alguém a secar-me as lágrimas.

Queria deixar aqui um incomensurável obrigada a todos aqueles que fizeram que ainda esteja aqui hoje, a escrever, viva!

Dia a dia, a minha vida parece fazer mais sentido. Tenho um propósito para cá ficar mais uns tempos e que não se resume à maternidade. É mais abrangente, mais completo.
Aqueles que se mantêm e mantiveram comigo saberão...
Os outros, hélas, deixaram de existir...para sempre! Nada saberão de mim porque nada que me diga respeito lhes rala. E este blog, tendo os dias contados, deixará de ser veículo de parvoeira e verborreia atípica.

Já merece acabar.

Tenho tudo o que escrevi guardado. Continuarei a escrever para mim e para quem amo.

Longe do semifrio, que nunca chegou a quente.
Lá para o Ano Novo...é o meu plano.

Farei, nessa altura, um poste verdadeiramente rico e consistente, para acabar em beleza esta fase da minha vida.

I'm on the turning away.

(talvez o facto de ter sido homenageada hoje me tenha feito escrever esta posta que parece despropositada...mas não é)

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Espirros

Espirros esporádicos
Ecos estranhos
Uma casa vazia propaga o som
Potencia-o
Exponencia solidões.

Há pouco,caiu um alfinete e eu apanhei um susto.

E o Porto acabou!

sábado, dezembro 16, 2006

Looking Back to the Things I've Done...

Aquilo que de facto me orgulha é o meu rancho de filhos.

Larguei-os hoje, no Aeroporto de Lisboa, de manhã cedo. Tão cedo que era uma manhã ainda noite.

Vão neste momento no ar.

Ver o mais velho secar as lágrimas do mais pequenino ao despedir-se de mim fez-me perceber que fiz um bom trabalho como mãe. Aquele amor que eles partilham orgulha-me. Descansa-me.
Amam-se e são, os três, uma equipa imbatível.

Depois de ter chorado o que queria, fiz as minhas malas.
E lá vou eu.

Até à volta!

sexta-feira, dezembro 15, 2006

16661

Há capicuas e capicuas...esta? o máximo!

Pequena Dor, Grande Dor, Whatever...

Há quem pense que se deve ter pudor em mostrá-la. Que se deve resguardar o outro lado da lua, o escuro.

Eu não concordo nada. Acho que só somos completos quando o peito grita, sem vergonhas, o que lá vai dentro!

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Há dias assim...

...em que, sem saber porquê ó o raio, resolvemos resolver.
Hoje resolvi uma coisa, que me doía no peito. Despedi-me duma tia que vi partir de longe, sem coragem para abraçar quem ficou, as minhas primas. Fugi. Naquela altura, há um mês atrás, não consegui sequer falar-lhes. A voz embargada, a cobardia da lágrima certa não me deixou.

Hoje, venci mais uma batalha. Chorei a morte dela com a filha. Meia hora. E depois veio a paz.

Tia Maria Cristina, para mim, só hoje morreu. E descanse em paz e mais, prometo, não me afasto das suas meninas, que são como irmãs para mim...

Além Mar(ejados)

Os meus olhos estão turvos. Vejo mal. As lágrimas da saudade antecipada começaram já a rolar.
Dois dias e vão, os meus três tesouros, num maldito aparelho com asas que algum iluminado (odioso) inventou. Que mos tira daqui e em horas mos põe a 4.000 km do mimo. Do meu Natal.
Os meus maiores feitos, os meus verdadeiros amores viscerais, vão-se.

A casa, o silêncio terrível, não consigo suportar. Daí a opção de sair daqui, para outro destino.

Nestes momentos questiono-me, de facto, àcerca da minha opção de me separar do progenitor deles. Por isto, que dói tanto. Porque ao menos podia ser um pai português, ali de Ferreira do Alentejo. Mas não, aqui a vossa amiga teve de escolher um lá da terra do sol da meia-noite. Que agora não há, por acaso. É a altura da escuridão, naquelas terras.
Assim tal qual como no meu coração, o breu.

Filhos, no Sábado à tarde, quando me ligarem a confirmar os beijos no pai presente lá no Aeroporto de Arlanda (espero eu), estarei longe daqui.

Mas perto, muito perto do vosso coração. Sempre!

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Olhares...

Dizem que os olhos são o espelho da alma. Serão.
Há-os de todas as cores menos encarnados (benfiquistas, isto quererá dizer qualquer coisa, questionem-se...em não sendo vampiros).

Quando olho os meus olhos em frente ao espelho, abstraindo-me de tudo o resto, começo por ver uma cor. Depois outra e mais outra, muitas.

Tento não me perder por aí e ver fundo, o que lá está dentro. A tal alma que lá estará.
Acho um exercício inglório.
Não consigo vê-la, talvez porque a sinta d'outras formas.

Nos outros, os olhos são mesmo a minha porta d'entrada.

Há aqueles que são um livro aberto. Aqueloutros que escondem tudo, com uma frieza lancinante.

E, depois, há outros ainda, que eu amei e amo. Em que entrei, entro e fico por lá, confortando-me com a transparência que encontro.

Acho que já sou feiticeira, mas só acho. Quando souber de certeza, aviso e passo a dar consultas.

Entretanto, ando a poupar (o que não tenho) para comprar uma quinta em Cacela Velha, para morrer lá, feliz. Talvez as consultas venham a ajudar...


Morte
Fim e princípio
Nesta ordem

Espíritos livres
nunca acorrentados

Circularão por esse universo afora
Para todo o sempre
Em paz

Di Feiticeira (quase quase)

terça-feira, dezembro 12, 2006

E?

Se for outra vez mentira?
Nada a fazer.
Uma vez, e só uma vez, foi. Doeu-me assim como se estivesse a ser perpretrada por flechas. Mas passou. Tudo passa.

Vou lá, outra vez, à procura daquilo que não encontrei, por cobardia mútua.
Vou, pois.
Com a fé de que desta é que é. E que se não for, o que me doer faz-me mais forte.


Um dia, uma menina pequenina teve um problema no coração. Um sopro. Ela nem sabia o que isso era mas assustou-se muito com a panóplia de coisas que lhe colaram no corpito pequenino e queria fugir. O medo dá isto. Foge-se sem saber de quê, principalmente porque se é pequenino e se tem a presciência, que é uma coisa animalesca, que nos dá a noção das coisas antes de acontecerem.
Essa menina pequenina tinha 5 anos. E viu o medo na cara dos pais, que a acompanhavam. Foi esse o deslize...deles. Assustaram-me com o seu susto. O amor parental é lixado...o mais lixado!

A New Day As Come

É.

Quando menos se espera, a escuridão vai-se. Vemos luz e sol e azul e verde e tudo.
A vida é, de repente, policromática.

Sou abençoada, só pode.

Obrigada L.
Coração? Apelido.

domingo, dezembro 10, 2006

O Poder de Ser Autêntico

Quando, num ímpeto
Trocamos fluídos,
Trocamos âmagos, carnes.

É uma sensação boa,
O prazer puro.

Quando ele vem, então,
Subrrepciamente,
Acompanhado daquele sentimento maior,
É sublime.

E os gritos de prazer que acontecem,
Ensurdecedores.

Suores
Suor quente
Suor frio
Suor da paixão, cola almas.

sábado, dezembro 09, 2006

Novas Versões e Eu

Aversão. Avisam-me ali, há uma. Mude, ande...
Não mudo.
Não, não e não, ora.

E outra coisa.

Presta muita atenção, quando aqui clicares...

Nunca tentes arrepiar caminho, pensando que chegas aqui mais depressa. Até pode ser que sim, que chegues, mas passa-te ao lado uma miríade de informação que é imprescindível, se te interessar conhecer-me profundamente. Pensa nisto.

Ok, nem eu percebo muito bem porque senti a necessidade de escrever este poste mas, como sempre, o impulso apareceu e eu respeitei-o. Os impulsos são fixes e profícuos em aprendizagem.

E, se bem me conheço, é só outra catarse...

sexta-feira, dezembro 08, 2006

I Thought That We Could Make It...

E, às tantas, conseguimos mesmo...queres ver?

Hoje, quando dançarmos, ou quando eu dançar para ti, saberemos.

A música, ai a música...

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Coisas Realmente Estranhas

É um facto que eu não sou normal (ler, vulgar, mas sem a conotação ignóbil da palavra, porque vulgar, vulgo, mulher de todos e de nenhum).

Às vezes questiono-me seriamente sobre o que quero e o que faço. Se há sintonia ou engano. Normalmente passo a questão, deixo-a pendurada, sem resposta, escudada na falta de tempo para avaliações.

Sou uma mulher complexa, mas acho que é uma afirmação redundante. Somos todas.
Há alturas em que acho que procuro ser elaborada para fugir a uma simplicidade fácil, que me resolveria muitas questões pendentes. Porque o faço? Ando a ver se descortino.

Entrementes, ouço umas vozes internas, dia sim dia não, que me sussuram algumas verdades incontornáveis. Uma delas? Sou uma mulher a sério, daquelas rijas, de mérito e de força. Que luta, parecendo que se entrega. Que acredita, mostrando o contrário. Que, sendo paradoxal, é verdadeira.

E que vencerá. Óuó.

Amo-me, hoje!

quarta-feira, dezembro 06, 2006

terça-feira, dezembro 05, 2006

Das Sincronicidades...

Como qualquer divindade, o acaso tem exigências.
São-lhe devidas devoções. Fazem-se devoções ao acaso
estando-se na sua presença. À sua disposição.
Permanentemente. Todos os sentidos em luta,
os cinco conhecidos, e os não reconhecidos
pelo nosso mundo enfermo. De maneira a não o deixar escapar
se ele ultrapassar as marcas.

Christiane Rochefort


'QUANDO O ACASO DEIXA DE PODER REFUGIAR-SE NO ACASO DOS ACASOS'

De qualquer maneira hoje tive um sonho estranho. Tenho cá para mim que foi o fechar dum ciclo. Já me tinha acontecido antes mas não a dormir, quando descobri um caco ali, perdido, no chão do quarto.

Desta vez, colei os cacos fictícios, num enredo que criei durante o estado de semiconsciência do sono.

(e percebi, ainda, porque detesto André Sardet, ou melhor, aquela música que o catapultou para um sucesso, tão inusitado quanto inexplicável)

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Amores ou Assim...

There are those who can leave love or take it
Love to them is just what they make it
I wish that I were the same
But love is my fav'rite game

I fall in love too easily
I fall in love too fast
I fall in love too terribly hard
For love to ever last

My heart should be well-schooled
'Cause I've been burned in the past
And still I fall in love too easily
I fall in love too fast

I fall in love too easily
I fall in love too fast
I fall in love too terribly hard
For love to ever last

Sammy Cahn / Jule Styne


:) Lindo...obrigada!

sábado, dezembro 02, 2006

E Se?

As dores que tenho agora, que me impedem de qualquer movimento, serão um alerta?
Sei que não me mexo. Não consigo. Tenho dores horríveis.

Sei que tinha uma noite planeada e que fui obrigada a desmarcar.
Que estou irritada...

O que tiro de bom disto?

Eu conto.

O meu pai, o meu querido pai, deu-me uma massagem no pescoço com Ozonol, passo a publicidade.
O meu pai tocou-me com as mãos de quem ama profundamente, sem esperar nada em troca. O meu pai chegou ao meu coração e eu ao dele como nunca me lembro de ter acontecido. Cuidou de mim. E partilhámos meia hora da intimidade que sempre nos faltou. E, graças a Deus, nem viu as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.

Fico com esta consolação. Fui filha dum pai que me mimou e que me tratou, com um amor que só mesmo ele poderá ter por mim. Mais ninguém.

Obrigada, meu pai.

Das Sintonias...

Acordei com um torcicolo. Não consigo mexer o pescoço.

E então? Bom, terá a ver com uma certa tensão que sofri ontem, disfarçadamente. Quando não exteriorizo o que sinto dá nisto.

Arrisquei ir a um encontro com desconhecidos vários, mas com uma história comum: Transtorno do Pânico.

Confesso aqui que, lá para as 17h, comecei a entrar em ansiedade extrema, não sei se por o tema das nossas conversas circular à volta disso. Mas fiquei com o grupo até Às 19h30.

Disfarcei. Não queria contagiar ninguém.
Acho que o torcicolo é disso, do disfarce. A tensão muscular acumulada.

Estava sol, na Expo. Houve sintonia imediata entre os convivas e a linguagem empática. De quem sabe os dramas que vive e conquista vitórias devagarinho.

Hoje vou lanchar com o meu pai. Meu querido pai. Vou aproveitar todos os minutos para lhe pedir colo e para receber mimo. Porque sei que não haverá muito mais tempo para o ter.

De todo estou derrotista em relação à vida. Percebo, cada vez com mais clareza, que é disto que se trata, viver: tirar dos momentos a parte boa, aproveitar a parte má para aprender e melhorar.

(confesso que o meu astrofísico me tem ajudado muito:) )

quinta-feira, novembro 30, 2006

Das Experiências da Vida vs Ser Mãe...

18 anos.
Primeiro desgosto de amor.
Pedido de socorro a uma mãe absolutamente néscia nessa questão.

Conselhos possíveis: seca as lágrimas, meu amor; tens a vida pela frente; nada nem ninguém merece que baixes os braços, que deixes de lutar por ti; eu estou e estarei aqui, sempre, para te lamber as lágrimas.

Diz-me ele: é muita coisa ao mesmo tempo, mãe; é o avô que tem cancro (pois, o meu querido pai, soube-o ontem, operação marcada para 20 de Dezembro); é o pai que já não sabe se posso passar o Natal com ele; tive um irmão e não o conheço; porque tiveste que o deixar, de te separar assim? a minha vida está de pernas para o ar; mãe, socorro.

Muitos beijos e abraços depois, serena.

É difícil ter 42 anos, quanto mais 18.

Tanta Gente

Tanto barulho.
Tantos corpos sem caras, sem sentido.

Corro à procura da saída,
que me tire daqui, deste sufoco.

Começo a andar devagar e vislumbro-a.
Há uma porta branca com um sol pintado de amarelo.
Abro-a, confiante. A fuga!

E, sem contar, estás lá.

E agarras-me.

E possuis-me ali mesmo, contra a tal porta branca com um sol pintado de amarelo.

Num instante, repintamos o mundo, o sol a lua e as estrelas.
Doutra cor. Da cor do sonho!

terça-feira, novembro 28, 2006

Poema do Mestre e Considerações Vulgares...

R o d o p i o

Volteiam dentro de mim,

Em rodopio, em novelos,
Milagres, uivos, castelos,
Forcas de luz, pesadelos,
Altas torres de marfim.


Ascendem hélices, rastros...
Mais longe coam-me sóis;
Há promontórios, faróis,
Upam-se estátuas de heróis,
Ondeiam lanças e mastros.


Zebram-se armadas de cor,
Singram cortejos de luz,
Ruem-se braços de cruz,
E um espelho reproduz,
Em treva, todo o esplendor...


Cristais retinem de medo,
Precipitam-se estilhaços,
Chovem garras, manchas, laços...
Planos, quebras e espaços
Vertiginam em segredo.


Luas de oiro se embebedam,
Rainhas desfolham lírios:
Contorcionam-se círios,
Enclavinham-se delírios.
Listas de som enveredam...


Virgulam-se aspas em vozes,
Letras de fogo e punhais;
Há missas e bacanais,
Execuções capitais,
Regressos, apoteoses.


Silvam madeixas ondeantes,
Pungem lábios esmagados,
Há corpos emaranhados,
Seios mordidos, golfados,
Sexos mortos de ansiantes...


(Há incenso de esponsais,
Há mãos brancas e sagradas,
Há velhas cartas rasgadas,
Há pobres coisas guardadas -
Um lenço, fitas, dedais...)


Há elmos, troféus, mortalhas.
Emanações fugidias,
Referências, nostalgias,
Ruínas de melodias,
Vertigens, erros e falhas.


Há vislumbres de não-ser,
Rangem, de vago, neblinas;
Fulcram-se poços e minas,
Meandros, pauis, ravinas
Que não ouso percorrer...


Há vácuos, há bolhas de ar,
Perfumes de longes ilhas,
Amarras, lemes e quilhas -
Tantas, tantas maravilhas
Que se não podem sonhar!...



Mário de Sá Carneiro
O Poeta. Paris, Maio de 1913



Sou vulgar
Não sei (d)escrever o amor
Mas senti-lo nos ossos, dóidos roídos
Pelo meu corpo, na força do teu
Que magoa, num prazer bom
Sem medidas
Isso? Vivo.

Di
Aprendiz de Feiticeira. Lisboa, Novembro de 2006

(sem direito a itálicos, ainda)

domingo, novembro 26, 2006

Não Queiras Saber de Mim...

Carlos Tê / Rui Veloso


Não queiras saber de mim
Esta noite não estou cá
Quando a tristeza bate
Pior do que eu não há
Fico fora de combate
Como se chegasse ao fim
Fico abaixo do tapete
Afundado no serrim

Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo

Mas tu pões esse vestido
E voas até ao topo
E fumas do meu cigarro
E bebes do meu copo
Mas nem isso faz sentido
Só agrava o meu estado
Quanto mais brilha a tua luz
Mais eu fico apagado

Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim


Dança tu que eu fico assim
Porque eu estou que não me entendo
Não queiras saber de mim
Hoje não me recomendo

Dum Amigo!

"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começas a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
Acabas por aceitar as derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprendes a construir todas as tuas estradas de hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de algum tempo aprendes que o sol queima se te expuseres a ele por muito tempo.
Aprendes que não importa o quanto tu te importas, simplesmente porque algumas pessoas não se importam...
E aceitas que apesar da bondade que reside numa pessoa, ela poderá ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso.
Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobres que se leva anos para se construir a confiança e apenas segundos para destruí-la, e que poderás fazer coisas das quais te arrependerás para o resto da vida.
Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobres que as pessoas com quem tu mais te importas são tiradas da tua vida muito depressa, por isso devemos sempre despedir-nos das pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprendes que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que podes ser.
Descobres que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se quer ser, e que o tempo é curto.
Aprendes que, ou controlas os teus actos ou eles te controlarão e que ser flexível nem sempre significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, existem sempre os dois lados.
Aprendes que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer enfrentando as consequências.
Aprendes que paciência requer muita prática.
Descobres que algumas vezes a pessoa que esperas que te empurre, quando cais, é uma das poucas que te ajuda a levantar.
Aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e o que aprendeste com elas do que com quantos aniversários já comemoraste.
Aprendes que há mais dos teus pais em ti do que supunhas.
Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são disparates, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobres que só porque alguém não te ama da forma que desejas, não significa que esse alguém não te ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.
Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, poderás ser em algum momento condenado.
Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que tu o consertes.
Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores.
E aprendes que realmente podes suportar mais ... que és realmente forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que tu tens valor diante da vida!
As nossas dádivas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."

* William Shakespeare*

Honestidade Absoluta!

A dos espanhóis.

Que chamam às suas tascas Bodegas!

Gosto disso...

sábado, novembro 25, 2006

Estranhas Sensações!

Fui agora mesmo acordada com os gritos de alegria dos meus três rapazes. Celebravam o nascimento do irmão, hoje, às 4h da manhã.

Estranheza.
Percorre-me um sentimento ambivalente. Não fui eu a mãe, não tive as dores e dormia na paz dos anjos àquela hora matutina.

Sinto aquele rapaz como um bocadinho meu. Tem no sangue o sangue dos meus.

Que sejas muito feliz, Anton.
Que consigas crescer rodeado destes irmãos que já te adoram sem te ter visto. Que os quatro sejam sempre os maiores companheiros.

Nota: nasceu no mesmo dia do meu amigo Jorge, aquele de quem já aqui falei e que, se cá estivesse, faria hoje 41 anos.

sexta-feira, novembro 24, 2006

O Que É o Amor?

No meu périplo diário pelos meandros da internet encontrei, por acaso, um blogue que, ao que parece, lançará brevemente um livro que fala do tema. O que é o amor?

Eu acrescento 'raio do' entre 'é' e 'o amor'.

E explico.

Que raio é o amor ?, pergunto-me!

É uma coisa egoísta, feia, manipulável, manipulada, construída, auto-inflamada?
É uma coisa altruísta, feita de dádiva, simplicidade e compreensão?

É as duas coisas?

Não é nada de coisa nenhuma?

É imaginação fértil ou necessidade física?

Tenho para mim que o único e verdadeiro amor profundo e gratuito que existe é o filial: pais por filhos, filhos por pais...ok, acrescentem irmãos às vezes...e até primos e amigos, outras tantas.

De resto, o amor é hoje o que não é amanhã.
Temos pena...*

*comprovado cientificamente por A+B

quarta-feira, novembro 22, 2006

Olhar para Trás.

Correr a olhar para trás é um risco.
Das duas uma:

_ corre-se desenfreadamente sem nunca voltar a cabeça;

_ caminha-se, parando por vezes numa sombra qualquer, questiona-se o caminho e segue-se em frente. Devagar, sem tropeções...com o mapa reescrito as vezes que for preciso!

terça-feira, novembro 21, 2006

Natais Difíceis...

Já tive alguns, por partidas e ausências dolorosas. Definitivas o que exponencia a dor.

Desta vez a estreia é outra, não menos dolorosa. Vai ser o meu primeiro Natal e Ano Novo sem os meus filhos...e eles não vão estar ali ao lado, não. Vão estar loooonge, longe.

Seria insuportável, não tivesse eu encontrado alguém que, como eu, quer partilhar este momento de mão dada. Na solidão parental, mas com o amor escolhido, em amparo e mimo.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Quando Convém...

A astrologia é uma ciência, experimentalmente comprovada, cheia de racionalidade e lógica:

Previsão de 20 a 26 de novembro

O canceriano vive uma semana voltada para as parcerias, sejam elas de trabalho ou mesmo sua parceria com a pessoa amada. Sua intensidade emocional está fortíssima nestes dias e você precisa controlar o excesso de ciúme. A vida sexual está em alta. Se estiver sozinho, sentirá algo muito intenso por alguém que aparecer na sua vida.


:D

(ai eu...)

domingo, novembro 19, 2006

Astros!

Só distingo um, no meio da miríade infinita que preenche o céu. Aquele que os conhece como ninguém e que, mesmo longe, está aqui comigo, de mão dada.

Olhamos o firmamento e firmamos o amor.

Tantas histórias me vais contar, tantas...

sexta-feira, novembro 17, 2006

Voltando à Crónica...

Parece-me que estar doente (assim só doentinha) pode ser um bálsamo. Abranda-se a vida, necessariamente. Corre-se menos. E percebe-se que o mundo não pára se ficarmos 3 dias em casa, num dolce far niente que enriquece o espírito e retempera forças e ânimo.

Estes dias têm sido reveladores de muita coisa. O balanço? Positivo.
A aprendizagem enriquecedora só se faz em travessias de desertos, descobrindo oásis.
Achei que ia morrer de sede. Deitei-me na areia quente e, quando acordei, estava uma fonte ali, mesmo ali. E bebi dessa água. Retemperei a força e, além de sobreviver, vivo! É que faz toda a diferença.

Para os meus Amigos que me deram a mão fica a gratidão eterna pela força, sabedoria e sensatez que me passaram. Nunca vou esquecer.

Para aqueles que acham que gostam de mim mas nem sabem o que isso é (acontece), pensem melhor e se acharem a saída do labirinto do engano, apitem.

Continuo a perseguir o sonho de ser completa, umas vezes feliz outras nem tanto.
Vou lembrar-me todos os dias de me mimar. Hoje, por exemplo, mimei-me duma forma que parecerá estranha: deitei fora muita coisa, sendo coisa bens que nada valem, que nada me dizem, cujo significado se perdeu no tempo.

Olhando para o caixote que pus na minha rua (atenção, chamei a câmara porque tenho preocupações ecológicas), perto da porta, vejo partir uma miríade de sensações.
Alívio.
Tristeza contente.

Entretanto leio os livros dos outros e vou escrevendo mentalmente o meu. Tenho acordado cedíssimo e venho a correr escrever as memórias dos sonhos que me povoam a noite. Tanto que se aprende, prestando atenção.

E uma paz estranha invade-me, dizendo-me que o caminho é este...

quinta-feira, novembro 16, 2006

Chegou Hoje a Encomenda!

Tinhas feito a encomenda há mais de um mês.
Esperavas em vão pela entrega que não chegava.

Talvez porque o tempo tem um tempo que só o tempo tem,
hoje chegou-te.

E as outras mãos que sabia existirem lá estavam. Envolventes. Que me arrebataram o coração dum fôlego só, sem nunca me tocarem. Que me fizeram ver, de novo, as estrelas que pensava não haver mais.

Estou atenta ao céu...

Ainda e a Propósito!!!

Mãos há muiiitas, sua palerma.

É a gripe, a febre e os antipiréticos que me fazem isto.

Sorry!

(amanhã melhoro, espero)

terça-feira, novembro 14, 2006

Instantâneos!

Assim, do nada, lembro-me das tuas mãos...
Belas mãos tu tens.

Eu gosto de mãos assim, fortes e delicadas, cheias de ternura e amparo...

domingo, novembro 12, 2006

Aniversários.

Há-os de quase tudo.

À cabeça, os de nascimento, de casamento, de morte.

Valorizam-se a si próprios só porque o calendário os aponta.

Hoje é, para mim, um aniversário atípico, em que duas mãos encontraram a terceira e quarta que, num abraço, mudaram rumos.

Mas isso, do aniversário, é celebrado todos os dias, enquanto houver memória.

Reposição!

Triste sina
A dos amantes não recíprocos
Triste fim
Triste dessincronia de corpos
Complexa troca de tempos
Em que o amor de um
Se perde no outro


Tentativa de poema.
Criado por mim em Março deste ano.
Curiosamente, relido, encontro-lhe talento. E sentido...

sábado, novembro 11, 2006

11 do 11

São Martinho



Num dia tempestuoso ia São Martinho, valoroso soldado, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão suplicante e gelada.
S. Martinho não hesitou: parou o cavalo, poisou a sua mão carinhosamente na do pobre e, em seguida, com a espada cortou ao meio a sua capa de militar, dando metade ao mendigo.
E, apesar de mal agasalhado e de chover torrencialmente, preparava-se para continuar o seu caminho, cheio de felicidade.
Mas, subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Estio inundou a terra de luz e calor.
Diz-se que Deus, para que não se apagasse da memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a benção dum sol quente e miraculoso.




Lenda tradicional

quinta-feira, novembro 09, 2006

quarta-feira, novembro 08, 2006

Acasos?

Só posso achar que os acasos não serão bem isso.

A minha percepção das coisas que parecem aleatórias é crítica, sempre.

Talvez seja só, unicamente, a esperança a vencer-me.

terça-feira, novembro 07, 2006

A Dança da Vida

Nem sempre tem a melodia certa.
Por vezes, a desarmonia é tanta que trocamos os pés nas valsas e rumbas.
Outras, mesmo na harmonia dos acordes, tropeçamos nos nossos próprios pés.
Antes tropeçar nos do par. Esse, felizmente, podemos trocar.

Eu tenho tendência a não precisar de par para que isso do tropeção aconteça. Basto-me a mim própria, no dejeito do balanço e na queda lá do alto.

(e não há tempo para aulas de dança)

sábado, novembro 04, 2006

Lembrete

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914

sexta-feira, novembro 03, 2006

Memórias

Não escrevi ontem porque o destino me pregou uma partida e me impediu de o fazer aqui.

1 de Novembro, dia de Todos os Santos
2 de Novembro o Dia dos Mortos (em descanso)

Dias de espíritos maiores...dias mágicos!

quarta-feira, novembro 01, 2006

Ritos...

Os ritos são intercâmbios, sequenciais e previstos.
Transacções sem surpresas.
Usam-se para obter a falsa segurança de que muitas vezes julgamos precisar e outras tantas nos dizem, convencem ou ensinam que precisamos.
Os ritos têm diversas intensidades. Desde a religião, a “cultura”, os aniversários os dias da mãe, etc., até ao simples rito do “olá vizinho, como vai?”

É importante criar comissões que ensinem os nossos vizinhos de cada bairro a responderem adequadamente a esta pergunta. No meu bairro, pelo menos, a resposta adequada a “Olá como vai?” é:
-olá como vai?
No caso do vizinho mais próximo, poderá responder-se:
-bem e o senhor?
Neste caso, o diálogo deverá continuar assim:
-bem, obrigado.
Fim do encontro!

Conselho: nunca te passe pela cabeça responder ao teu vizinho como estás quando ele te pergunta como vais. Correrias o risco de não tornar a ser cumprimentada, e poderias chegar a ser expulsa do bairro.
Do seu ponto de vista, Leo Buscaglia – no seu livro” Viver, amar, aprender” – conta uma coisa parecida. Buscaglia pergunta porque é que as pessoas, quando sobem num elevador, se colocam de frente para a porta. Todas de pé com as mãos pudicamente afastadas de toda a possibilidade de roçarem com os demais.

«Quando eu entro num elevador, nunca me volto para a porta. Em geral, coloco-me em frente de todos e olho para eles. Às vezes, digo:
- não seria maravilhoso que o elevador ficasse parado durante horas e nos desse tempo de nos conhecermos?
A resposta é sempre a mesma. No andar seguinte, toda a gente sai do elevador aos gritos:
- está aqui um louco que diz que quer que o elevador fique parado!»

No que diz respeito, confesso publicamente que tenho um ritual.
Detesto os ritos. Detesto-os a tal ponto que nunca dou prendas de anos (excepto às crianças, para quem os dias de anos têm muita importância). Nunca recordo nenhum aniversário. Há muitos anos que não professo qualquer religião, nem visito cemitérios. Deixei de contar há quantos anos é que…
Ser tão anti-ritualista é decididamente um rito."


Jorge Bucay

Tem piada. Identifico-me com este texto mas tenho medo de elevadores. Paradoxos, again...

terça-feira, outubro 31, 2006

Paradoxo

Amar-te com os olhos fechados
é amar-te cegamente.
Amar-te olhando para ti de frente
seria uma loucura...
Eu gostaria que me amassem com loucura


Marguerite Yourcenar

domingo, outubro 29, 2006

Quantas vezes...

vezes sem conta
me murmuraste o amor infinito
ficando...

havia e há
verdade nisso, do ficar
mas vã, efémera

sem soluções,
choro a partida
porque não sei fazer outra coisa

esforço-me

admito e admiro a coragem dos heróis
que de dentro trazem força
vencem medos
constróiem e aceitam

não há receita?
ninguém me ensina?

queria ser outra coisa
que não este peso morto,
morto

parece-me

quantas vezes
vezes sem conta
me murmuraste o amor finito
fugindo...

sexta-feira, outubro 27, 2006

Up'nd Down...

Podia ser o começo duma canção dançável dos anos 70.
Não é.

A minha vida é um carrossel (como devem ser todas as vidas que eu sou lúcida) mas, ultimamente, com mais downs que ups, infelizmente.

Não me dá sossego, o destino. Agora, duas coisas difíceis.

Primeira, um primo que amo como se fosse irmão internado. Diagnóstico: pancreatite. Gravidade? Bom, muita...risco de vida.

Segunda, faço de baby-sitter pelas piores razões. Além dos meus rebentos, acolho outro, o filho da Zica de que falei há tempos. Está aqui em casa enquanto ela se droga no andar contíguo.

Merda de vida.

Phodace!

quarta-feira, outubro 25, 2006

Idade Maior

A esta hora, há 18 anos atrás, recebi a minha primeira benção maternal.
Hoje, essa benção, atinge a maioridade. Mas sempre foi grande.

Amo-te, Bernardo.

quarta-feira, outubro 18, 2006

terça-feira, outubro 17, 2006

Outono!

Chove copiosamente.
O vento chama-me ali fora. Abro a janela e deixo que o dito me invada.

Levou-me, hoje, a útima conexão com o passado conjugal. Oficialmente divorciada perdi apelido, ganhei coerência.

Sou Eu outra vez.
Serena.
Livre!

domingo, outubro 15, 2006

Com Certeza!

Digo:

O Amor Verdadeiro, aquele que se foi construindo sem imediatos, sem correria, fica para sempre como real e profundo.

Dê o nosso mundinho as voltas que der, permanece.

Eu confio no tempo, que há-de restabelecer a Verdade do Amor.

Eu confio...e Amo!

sexta-feira, outubro 13, 2006

Pai!

Parabéns...
E desculpe-me. Não consigo dizer-lhe o quanto me dói não conseguir dizer: amo-o!

Desculpe. Pai!

(o beijo que lhe darei di-lo-à, sem palavras)

terça-feira, outubro 10, 2006

Queria Escrever Dia 11

Calha que é dia 10.
Estou cansada.

Venho dum dia complicado, duma semana difícil, de um par de meses doridos.

Há fases assim, em que tudo parece acontecer e uma avalanche de emoções contraditórias nos assola.

Gosto de estar viva, não sei se de saúde porque evito sabê-lo. Não gosto de análises de qualquer espécie (se estiver doente um dia saberei, ora).

O meu amigo Gil, com quem cresci, também não gostava.
Mas casou com uma mulher que não lhe deu muitas hipóteses quando, neste Verão, ele apresentava um cansaço e uns enjoos fora do normal. Fosse mulher e a notícia até podia ser boa. Não é. Cancro no estômago, com metástases no fígado e intestino.
Diagnóstico cruel: não faz 41 anos, em Dezembro. Já não faz...

Eu, em estado de choque, percebo que é mesmo preciso viver o Agora...sem análises, de preferência (lá está).

O Gil vai ser o meu segundo amigo de infância a partir fora do tempo. O primeiro, o Jorge, escolheu ir. O Gil não...queria ficar e não houve perguntas nem respostas.

Como se não bastasse, outra amiga de infância que, por voltas da vida voltou a ser minha vizinha, recaiu na heroína. Soube quase ao mesmo tempo. Nunca desconfiei de nada. Falamos todos os dias e ela, que tem um filho da idade do meu mais novo e que é um dos seus grandes amigos, sempre me pareceu sóbria, lúcida.

Até que a mãe dela me procurou, pedindo ajuda. A Zica perdeu-se de novo e tropeça nas seringas que deixa espalhadas pela casa. O filho também. A violência dentro daquelas paredes é uma constante e a fechadura foi mudada ontem. Onde andará a Zica que não me responde?

Chorei.
Olhei para mim e pensei: que pequeninos se tornam os meus problemas...microscópicos!

domingo, outubro 08, 2006

Amanheceu...

MAGNIFICAT

Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!


Álvaro de Campos, 7-11-1933

quarta-feira, outubro 04, 2006

Pensando Devagar!

As coisas que me aconteceram dependeram de mim e da minha discricionaridade.
As escolhas, condicionadas ou não, foram minhas.

De qualquer maneira, o meu Eu profundo diz-me que antes houvesse Destino.
Tino? faltou-me!

Quero estar feliz, porra!

Se...

Se, se, se...raisparta o se.

Se largar um filme a meio porque o enredo não me agrada e prefiro ser eu a escrever o fim, estarei a violar direitos de autor?

Se, se, se...raisparta o se!

sábado, setembro 30, 2006

Coisas Simples

Há uns tempos, talvez um ano, passei a dormir com os estores abertos.

Habituei-me a dormir assim e, quando acordada, olhar a janela a deixar entrar as vidas dos outros que, no breu da noite, mantêm a actividade diurna com as luzes artificiais a substituir o Sol.

Faz-me sentir menos só.

Ontem, depois da leitura e antes de desligar o candeeiro de cabeceira, resolvi levantar-me e correr os estores completamente. Queria ter uma noite recuperadora e, como já era muito tarde, poder dormir de manhã sem perturbações luminosas.

Descobri que já não sei dormir na escuridão. Descobri também o mais importante: que sou, de certeza, um ser de LUZ.

terça-feira, setembro 12, 2006

Teorias da Conspiração, ou Assim...

O 11 de Setembro, pelos visto, tem algumas em estudo. Não me prendem a atenção.

Eu tenho outra. Em relação àquela garota que desapareceu numa aldeia algarvia, faz um ano, dois ou isso (nunca retenho datas).

O corpo nunca apareceu, embora tenha havido condenação por homicídio por parte de mãe e tio. Acho estranho que não se investigue a possibilidade de ter sido 'apenas' vendida a um qualquer estrangeiro que ofereceu guito satisfatório para o negócio. Fácil, isto de resolver indigência com troca comercial de seres indefesos, com a garantia de silêncio.
Cumprida.

É mais fácil para todos considerá-la morta? Hélas. Cá para mim, recheia hoje um qualquer bordel de infantis por aí, satisfazendo a doença daqueles que tiram prazer do abuso infantil, pago a peso de ouro, num qualquer recanto europeu.

Nada está esclarecido. Nada me parece verdade, no meio de todo este enredo mal contado.

Teoria da conspiração? Pode ser...

Se a garota estivesse morta seria, talvez, mais suportável.

Entretanto, o 11 de Setembro soma mais vítimas. Quando o singular passa a plural insuflado dá nisto. E isto, quer queiramos quer não, faz toda a diferença.

(acho que o nome é Vanessa...mas podia ser Maria que seria igualzinho)

quinta-feira, setembro 07, 2006

Se eu pudesse...

Se eu mandasse, estava a caminho de Filadélfia. Ok, se fosse Seatle era mais complicado. Em Seatle faz frio. É demasiado parecida com outras paragens em que já vivi.

Queria ser daqueles pássaros migrantes, à procura do calor doutras paragens. Queria poder voar sazonalmente. Fugir ao frio. Cobardes, esses passarocos, como eu. Abrir asas e voar.

E, se fosse Lagarta, seria de couve. Sem asas. Gostar de couve, ajuda...

Dói...

Circle


Me, I'm a part of your circle of friends
And we notice you don't come around
Me, I think it all depends on you
Touching ground with us but
I quit, I give up, nothing's good enough for anybody else,
It seems
And I quit, I give up, nothing's good enough for anybody else,
It seems
And being alone is the best way to be
When I'm by myself it's the best way to be
When I'm all alone it's the best way to be
When I'm by myself, nobody else can say goodbye
Everything is temporary anyway
When the streets are wet, the colors slip into the sky
But I don't know why that means you and I are, that means you and I
I quit, I give up, nothing's good enough for anybody else,
It seems
And I quit I give up, nothing's good enough for anybody else,
It seems
And being alone is the best way to be
When I'm by myself, it's the best way to be
When I'm all alone, it's the best way to be
When I'm by myself, nobody else can say
Me, I'm a part of your circle of friends
And we notice you don't come around


Edie Brickell


Dói, pois!

sexta-feira, setembro 01, 2006

Mesa dos sonhos

Ao lado do homem vou crescendo

Defendo-me da morte quando dou
Meu corpo ao seu desejo violento
E lhe devoro o corpo lentamente

Mesa dos sonhos no meu corpo vivem
Todas as formas e começam
Todas as vidas

Ao lado do homem vou crescendo

E defendo-me da morte povoando
de novos sonhos a vida.

Alexandre O'Neill, poeta duro e realista!

quinta-feira, agosto 31, 2006

Sobressalto

Dormia profundamente.
Acordei dum pesadelo que me atormentou.
Vim aqui espantar os espíritos.

Recuperei a paz e volto para os braços de Morpheu. Que ele me acolha...

Sonho bom, precisa-se!

domingo, julho 30, 2006

Sublimação

É o caminho do Eu

Correr? não adianta
Devagar, devagarinho se chega
Àquilo que nos dá Paz

A verdadeira e profunda
Que se descobre cá dentro

Que sempre cá esteve mas que
Inevitavelmente,
É uma escolha

Percorro caminhos imaginários que São
Que lá estão
Que há que ver e não apenas olhar
Que se escolhem
Que nos trazem, invariavelmente, a riqueza da verdade

E de termos escolhido
De haver a discricionaridade
Dela estar nas nossas mãos

É bom ser feliz
Eu escolhi sê-lo (é, não duvidem, uma escolha)

Usem as férias do corpo
Mas alimentem e trabalhem o Coração

Não há como a ausência de obrigações para consegui-lo

Eu vou...sublimar-me!

(escrevo ao correr da pena, numa serenidade inusitada que me preenche e me diz: vai em frente...sempre soube que conseguias...)

terça-feira, julho 11, 2006

Flores da Alma

Hoje, 0h55':

Tenho a companhia que quero, que amo. Sou surpreendida com carinhos materias e dos outros, tão importantes. Estou muito feliz.


Acordo ensonada. Saio de casa com o passo apressado, denunciador do atraso.
Chego ao destino e, esperando por mim, orquídeas, rosas, geribérias, um ananás-rosa, entre caninhas de bambú e fetos verdejantes.

Volto com elas na mão, feliz por se lembrarem de mim. Por me dizerem isso com todas as letras que fazem as Flores da Alma!

Começa aqui um novo Ano.
Que seja cheio de sabedoria e conforto, mimo e memória...daquilo que tenho e do que me falta conquistar.


Nota de Rodapé com Destinatário: sou tão, mas tão arrumada que, sem dar conta, faço a cama duas vezes :)

quarta-feira, junho 21, 2006

Ausência Presente!

As Letras...

A vontade de criar e a nostalgia do imaginário que não há...
Há, no entanto, vezes em que a ausência de profiquidade de escrita não significará propriamente isso. É um logro, assim disfarçado.

Eu escrevo com a cabeça aliada ao coração, mesmo sem premir teclas. Escrevo diariamente um diário que não está.

Ou melhor, está. Só não se vê.

Tenho dentro de mim todas as palavras por dizer, ainda que não pareça.

Depois, tenho também um(a) lack of auto-estima pela escrita construida sem estrutura, ao que parece (logro, outra vez).

Tenho lido muito por aí.
Descobri que já ninguém se rala com coisas pequeninas. O mundial de futebol rula e é só por aí que vamos. Isso, do desporto-rei (?), é GRANDE. O resto dilui-se porque convém.

Eu continuo no meu périplo de chegar a bom porto (profundo), sem que esse porto tenha esféricos no meio, distractivo, enganador.

Gosto de me sentir a pele macia porque há cremes que ajudam. Não houvesse e talvez a macieza permanecesse.

Nunca vou saber porque, pelo sim pelo não...

quinta-feira, maio 25, 2006

The Ultimate Test !!!

You Are Most Like Carrie!

You're quirky, flirty, and every guy's perfect first date.
But can the guy in question live up to your romantic ideal?
It's tough for you to find the right match - you're more than a little picky.
Never fear... You've got a great group of friends and a
great closet of clothes, no matter what!


Romantic prediction: You'll fall for someone this year...

Totally different from any guy you've dated.



É que, maiiiiinada!!! (acrescento só que, o meu coraçãozito comprova a previsão...I'M IN LOOOOOVE)

(roubado à Mary, da "Minha Praia" - sim, porque uma gaja rouba mas assume)

"Livro de Reclamações"

Alguém que me conhece muito bem mandou-me este emílio de autor desconhecido (do nuorte, carago, digo eu), acrescentando que podia ser meu.

Não é, até porque o vernáculo é forte demais para uma púdica como moi mêmme. Mas podia ser. E subscrevo na íntegra (até os caralhos em caps lock).

Justo é o CARALHO
" Parece que o P. Ministro terá dito que desta vez os
sacrifícios serão
distribuídos de forma mais justa. Mais Justa é o
CARALHO!!!!?????
São 23 horas cheguei agora a casa e trabalhei hoje doze
horas. O meu filho
já esta a dormir. Este ano já paguei em impostos e multas
dezenas de
Milhares de euros, todos os meses pago um balúrdio de TSU,
tenho custos
Financeiros indescritíveis por causa da forma como é
cobrado o IVA, pago o
PEC sobre um rendimento que pode não acontecer e este
filho da puta vem-me
Dizer que os sacrifícios serão distribuídos de forma mais
justa???
O CARALHO, tenho semanas durante o ano em que trabalho 20h
por dia, este fim
De semana não sabia sequer que dia era, no dia da greve de
uma chusma de
Paneleiros andei na estrada a pagar portagens e a
trabalhar para poder pagar
Impostos, comecei numa puta duma garagem sozinho e dei
trabalho a uma
Carrada de gente a quem pago o IRS, a Segurança Social,
Seguros de Trabalho
E todas as taxas que o estado me exige, não negoceio
salários brutos, por
Isso que vão para o CARALHO com as contribuições dos
trabalhadores, pago
salários decentes e recuso-me a pagar o salário mínimo a
seja quem for,
Investi e perdi, arranjei-me, voltei a investir e falhei
de novo, recuperei
E investi de novo e consegui.
E estes paneleiros do CARALHO vêm agora dizer-me que os
sacrifícios são
distribuídos de forma justa???, como o Guterres que fodeu
o pais todo com o
Rendimento mínimo garantido, a pior opção económica de
sempre, nem sabem
Sequer o que é não dormir, desesperar, cair e levantar sem
pedir um tostão
Que seja ao filho da puta do estado?
Nem subsidio de desemprego nem o CARALHO?! E tenho que
ouvir todos os dias
As queixinhas dos policias, dos funcionários, dos
professores com horário
Zero (!), dos funcionários dos correios, dos anacletos e
afins, que fujo ao
Fisco, que exploro os trabalhadores, que tenho que pagar
mais impostos, que
Sou um parasita????
Já paguei todos os impostos de facturas que até agora não
consegui cobrar
(IVA e IRC), paguei IRC sobre stocks que não sei se algum
dia conseguirei
Vender e os sacrifícios são distribuídos de forma
justa??!!! Justo é o
CARALHO. Os 2000 funcionários da CM de Albufeira trabalham
das 9h às 15h com
Intervalo para almoço e de caminho a mesma CM entrega e
paga serviços a
Empresas privadas; decidiram mudar a escada da parte
velha, fecharam-na,
Derrubaram a antiga e colocaram a estrutura em metal, após
quinze dias
Retiraram a mesma estrutura e colocaram-na em madeira! E
ainda queriam fazer
Um elevador até à praia!!! E eu pago. Num qualquer
Instituto mais de 50
Chulos tratam de 9(!) putos.
E eu pago. Substituem administradores pagando
indemnizações, contratam o
Fernando Gomes e o Nuno Cardoso(!!!!). E eu pago. Inventam
Institutos e
Fundações. E eu pago. Inventam as SCUTS. E eu pago. O PEC.
E eu pago. O
Presidente apela ao patriotismo. E eu pago.
Sr. Presidente, com todo o respeito que me merece - Vá-se
foder!, você e os
Camaradas no avião fretado para irem passear para a China.
A CM de Paredes de Coura faz Parques de estacionamento sem
trânsito. E eu
Pago. O ancaleto Sá Fernandes rebenta com o CARALHO do
orçamento da CM de
Lisboa. O Socrates vai á bola de avião falcon da f.a., E
eu pago.
Sacrifícios???!! De quem CARALHO?! Prestam-me um serviço
de merda na saúde,
A educação é tão miserável que sou obrigado a por o meu
puto num colégio
Privado, nem me atrevo a cobrar dividas em Tribunal devido
à miséria que é a
Justiça. E pago. Preciso de uma puta de uma cirurgia e
tenho dezasseis mil
Pessoas em lista de espera, pelo que se não tivesse um
seguro de saúde
Estaria como milhares de desgraçados que se calhar já
morreram. E eu e eles
Pagamos. Os sacrifícios são distribuídos de forma justa???
Como CARALHO??!!!
E aquela Esfinge paneleira de óculos que preside ao Banco
de Portugal, que
Ganha mais que o secretário do tesouro dos u.s.a., está à
espera de colectar
Mais 0,03% do PIB com o aumento do IVA? Pois tenho uma
pequenina novidade
Para o reconhecido génio. Talhos, advogados, lares, lojas
de moveis e outros
Pequenos negócios que conheço já têm a contabilidade e
pagam impostos em
Espanha e eu, assim seja possível, no ano da graça de 2006
pagarei todo o
IVA, IRC e contribuições em Vigo. A chulice destes filhos
da puta que vá
cobrar ao CARALHO! E quero que se foda a solidariedade e a
conversa de merda
porque não me sai do corpo para o dar a chulos. Por alma
de quem? Mais
justo??!! "
Pois é meus amigos, justo é o CARALHO ! ... QUE O FODA

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Nota de Rodapé: não podia ser escrito por mim porque, mais a mais, só pago impostos quando me apanham...sei que é controversa esta minha opção mas, para o Estado, só contribuo forçada. Tenho 3 filhos e não vejo Abono de Família desde 2000, em que deixei os quadros duma empresa e optei por ser consultora: Recibo Verde não pode ter filhos. Bom, poder pode, só que não há Abono para ninguém...

sexta-feira, maio 19, 2006

'Quartomundismo'

Soluções prosaicas (algumas, poucas, que eu não sou génio nem nada...) para sair da lista da vergonha. E de graça:

1. Deixar de participar no Eurofestival da Canção;

2. A isso não acontecer (gaita):

2.1 Levar uma música (got it? aquilo é um festival da canção...CANÇÃO);
2.2 Assegurar-se que quem lá vai a sabe cantar;
2.3 Passar obrigatoriamente pelo escrutínio público as indumentárias dos nossos pobres participantes.

Mas ponho todo o ênfase no ponto 1., obviamente!!!

quinta-feira, maio 18, 2006

A Vontade

Foi-se. Às tantas, foiçe!

Não me apetece escrever nada a não ser que não me apetece escrever.

Leio. Aprendo. Espero...

domingo, maio 07, 2006

Um Texto ou Uma Escrita?

Escreve-se um texto com propósitos diferentes. Pode ser uma carta, um lembrete, uma cópia, uma redacção. Faz-se a transferência do que se pensa, com o propósito que convém no momento, e passa-se ao papel um conjunto de palavras que levam a que alguém aceda ao que nos interessa que conheça. Ou escreve-se para nós e só, caso do lembrete e, as mais das vezes, dum diário de bordo que só o próprio cuida saber.

Quando se dá a transformação dum texto numa escrita já se exige que se passe às letras um enredo que interesse ler só pelo prazer da forma e do conteúdo, mesmo que não lhe diga respeito. Há que passar muitas vezes a limpo, criar um estilo próprio que atraia o leitor e que o leve a prender-se a uma estória bem delineada.

Depois, é necessário que haja quem goste tanto (de preferência muita gente) que esse exercício do escritor mereça recompensa pecuniária. Que ele possa dedicar muito do seu tempo à arte, por haver quem pague para isso.

A maioria de nós, blogueiros, tem de trabalhar noutras coisas para que o resto, mais prosaico e do tipo pãozinho na mesa não nos falte.

Este arrazoado para dizer uma coisa muito simples: comecei a achar, de há uns tempos para cá que, ou lanço aqui uma escrita ou mais textos não me apetece.

Quem sabe...um dia consigo!

domingo, abril 23, 2006

O Meu Blog, O Meu Laptop e Eu!

Não há sintonia...

Dessincronia e problemas virais!

Quando houver pilim ponho-o em tratamento e profilaxia.

Até lá, enfim...

E tal com perdões pedidos a quem tem manifestado indignação pela ausência (ultrapassa-me, isto do malfunction...)

quarta-feira, abril 12, 2006

Diálogo Moderno!

Sms recebida ontem, à meia noite:

"Estava aqui à espera da série 'Donas de Casa Desesperadas' e lembrei-me de ti..."

Resposta matinal à dita:

"Não pude responder porque estava no cinema a ver ' Como Despachar Um Encalhado'"

domingo, abril 09, 2006

Descompressão!

No meu caso, depois de um processo de tensão, a descompressão faz-se lentamente. O corpo dói, as mãos permanecem trémulas durante um tempo e o coração demora a retomar um ritmo normal.

A entrada no processo de agitação, ao contrário, faz-se no imediato. Não é gradual e torna-se avassalador.

Estou a aprender a gerir isto melhor e a buscar uma consonância de tempos, nas entradas e saídas num e noutro processo.

Hoje estou na ressaca dum acidente de carro que tive ontem que não me deixou mazelas físicas mas as chatices associadas do costume, nestas coisas do susto.

Acresce que acabo de chegar do Hospital, duma consulta médica que me vinha criando grande ansiedade.
E está tudo bem.

Agora, resta esperar a serenidade, que tarda em chegar!

Nota de rodapé que não tem nada a ver com o tema mas que me ocorreu e me apetece partilhar, pronto: há pouco, enquanto arranjava os morangos para a sobremesa, lembrei-me que os tempos são mesmo outros. Quando era garota adorava ajudar a minha mãe na tarefa de arrancar, à mão, os píncaros aos ditos. Era um processo moroso mas que deixava a fruta quase intacta. Hoje usa-se a faca e lá vai metade da parte comestível. Desperdícios da modernidade...

quinta-feira, abril 06, 2006

Operação Parasita!

Na minha infância não me lembro de ter piolhos. Nem os meus manos. E andávamos em Escolas Públicas, rodeados de meninos de todas as classes sociais.

Com os meus filhos é uma desgraça. Todos os anos são atacados por esses parasitas, por muito limpinhos que andem (que, asseguro, andam).

Algo mudou no reino dos oportunistas, incluindo a piolhagem. Estão mais activos e preparados.

Como outros...

(estou no intervalo de 10' para o gel anti-piolheira fazer efeito)

Enfim, estes tempos...

quarta-feira, março 29, 2006

Mais Hilariante?

Não estou a ver...

Alguém entrou no meu belogue e, por alguma razão que desconheço e desconhecerei (mas desconfio do Clooney), pediu tradução para inglês. Saiu isto:

http://translate.google.com/translate?hl=en&sl=pt&u=http://www.semifrio.blogspot.com/&prev=/search?q=semifrio&hl=en&lr=&rls=HPIA,HPIA:2005-35,HPIA:en


LOOOOOOOOOOOL

(tenho material que dá para rir duas semanas...)

11111

Lindo!

Bom, o sono é que me lixa...

E agora, banhoca e trabalhico (ou vice-versa, que ainda não decidi).

terça-feira, março 28, 2006

Tranvestidos!

Um travesti é um gajo de sorte.

Pode coçar os tomates sem que desconfiem que o faz, esteja o botox no sítio certo e os implantes mamários moles (nunca entendi como há gajas que queiram ter mamas tipo bolas de basket cheias de mais, a ameaçar rebentar a qualquer momento...enfim, um desabafo).

Ocorreu-me este pensamento agora mesmo porque, invejosa, não tenho tomates para coçar. E espera-me uma pilha de documentos para analisar.

Às vezes ataca-me uma brejeirice, pardon, mas não deixa de ser risível e até saudável.

Assim, e reiterando o pardon, desculpem qualquer coisinha. Eu volto ao normal não tarda.

(e hoje, por mais que se me revoltem as entranhas, vou gritar pelo Benfica...mas baixinho, não vá alguém ouvir-me)

domingo, março 26, 2006

Mares

Tão longe, o Pacífico. Pacificar-me-á?
Um dia, quando Ele me envolver, saberei.

O movimento das ondas é mágico. A transparência será absorvida como por magia e haverá osmose. E serei sereia...quiçá para sempre!

Quero ter escamas mais do que asas. Ou juntar ambas porque, no sonho, tudo é possível.

O Atlântico e o Mediterrâneo já me receberam. O Mar do Norte também. Faltam-me outros mares.

Um dia...

sábado, março 25, 2006

Gosto!

De ter um coração do tamanho do mundo.
De ser profundamente cúmplice de quem gosto.
De ser verdadeira comigo e com o(s) outro(s).
De dar por mim a sonhar com a realização que há-de vir, porque gosto de pensar que não desisto.
De escrever assim, cheia de certezas quanto à minha vocação de partilhar sentimentos, com letras.
De confiar.
De amar e ser amada.

Gosto de tanta coisa...

Não gosto de trabalhar ao Sábado. Mas vou fazê-lo agora.

Bom Fim de Semana, pahs!

sexta-feira, março 24, 2006

Morrer ou Falecer?

Morrer, óbvio.

Falecer não é mais do que uma forma amaricada de definir a partida. Que não tem volta.

O Miguel morreu. Dia 27 de Fevereiro, no IPO de Lisboa. Lembram-se dele?

Eu lembro-vos:

Olhem bem para ele!


Olhem os filhos lindos que tem. Que cá ficam e lhe perpetuam a vida.

Viva o Sporting.

Boa viagem, Miguel.
Lá nos encontraremos, um dia...

quinta-feira, março 23, 2006

Ode ao Amor!

Desta vez o blogspot esteve do meu lado. Não me deixou postar, com toda a razão.

De qualquer maneira queria dizer, em tom bem alto, que o Amor é elixir, é alquimia.

Gosto da sensação da saudade boa, da chegada antecipada em todas as horas e em todos os minutos.

Um dia explico. Agora não posso porque vou dormir...é que, na verdade, a ausência custa e, dormindo, Ele volta.

domingo, março 19, 2006

Sensações!

Fim de Domingo.
Dia do Pai.
Ainda tenho o meu comigo e vou vê-lo, jantar com ele porque me convidei. Porque cada vez está mais presente a perenidade do seu corpo que já nos assustou, quando lhe atacou o cérebro sem aviso, há já 2 anos. Sobreviveu incólume, embora envelhecido do medo.

Amo-o muito. No entanto, custa-me dizer-lho. Sempre bulhámos, sempre me senti uma filha desajeitada e desafiadora, talvez por isso mesmo.

Hoje quero só abraçá-lo e, se não conseguir verbalizar o que sinto, que seja através do abraço forte e do beijo sentido dado daqui a pouquinho, que ele perceba o quão é importante na minha vida.

(um beijo para outro Pai que não meu mas que amo muito e que me deu dois dias maravilhosos)

sexta-feira, março 17, 2006

Lá Está, Gosto da Água!

(nunca sei se o acento de agua é grave ou agudo, sorry)

Até em forma de chuva forte, sem protecção.
Cheguei há pouco a casa, ensopada até aos ossos. E os ditos gostaram (até ver).

Pelo sim, pelo não, troquei de roupa e vesti um pijama quentinho, não vá a PDI atacar e mandar-me para a cama uns diazitos de que não disponho...

New Post?

Oh pá, apre...
É que não me apetece nadinha.

Constipada,
Cansada,
Ocupada,
Afogueada,
Com a Empreitada.

Mais a mais, Chuvada!

De raspão, a passagem.
Para Meninas e Meninos, beijos entregues. Quem quiser, apanha-os!

Bom Fim-de-Semana (que para mim se resume a Domingo)

terça-feira, março 14, 2006

Anedota do Dia (pelo menos até esta hora)

O filho do meio:

_Mãe, porque se suicidou o livro de Matemática?

_Hein?

_Ora, porque estava cheio de problemas...


Pronto, é uma piada seca, simples, mas não deixou de me fazer sorrir!

quinta-feira, março 09, 2006

Aproximação (Des)Cuidada!

Aproximo-me das letras com (des)cuidado.
Elas têm recusado organização.
Rebelaram-se, as parvas das palavras.

E custa escrever algo com conteúdo,
sentido,
graça ou pertinência.

A única coisa que me ocorre hoje comentar é o facto de Maria Cavaco Silva se mostrar relutante em trocar de posição com Maria José Ritta nas bancadas VIP's do hemiciclo, na tomada de posse do marido.

E depois ocorreu-me: isto é subliminar. No fundo ela sabe que faria um par esteticamente mais aceitável com o demissionário. E a ex prima dona nem ficava mal ao lado de Cavaco.

Pois, eu avisei!!!

quarta-feira, março 08, 2006

OPA OPA

Opa opa,
Opa Opa,
Oh you make me ups ups!


Para quem não sabe, o texto anglo-saxónico que serve de intróito aqui acima trata do refrão duma música(queta, pronto) muita dançável e que ecoava amiúde nas discos das Docas lisboetas há um par d'anos.

Se pensavam que era um poste economicista e cheio de análises consistentes sobre o brilhantismo do Belmiro...Ó pá!

Eu até acordei bem disposta e tudo!

Upa Upa :)

segunda-feira, março 06, 2006

Amo e Vou Amar Sempre...

...um ÚNICO homem.
Aquele que não sabe dizer que me ama.
(já soube, though...)

Triste sina
A dos amantes não recíprocos
Triste fim
Triste dessincronia de corpos
Complexa troca de tempos
Em que o amor de um
Se perde no outro


Em jeito de humilhação a mim própria, deixo o registo do verdadeiro poeta que diz aquilo que eu não consigo:

INTERVALO

Quem te disse ao ouvido esse segredo
Que raras deusas têm escutado -
Aquele amor cheio de crença e medo
Que é verdadeiro só se é segredado?...
Quem te disse tão cedo?
Não fui eu, que te não ousei dizê-lo.
Não foi um outro, porque não sabia.
Mas quem roçou da testa teu cabelo
E te disse ao ouvido o que sentia?
Seria alguém, seria?


Ou foi só que o sonhaste e eu te o sonhei?
Foi só qualquer ciúme meu de ti
Que o supôs dito, porque o não direi,
Que o supôs feito, porque o só fingi
Em sonhos que nem sei?

Seja o que for, quem foi que levemente,
A teu ouvido vagamente atento,
Te falou desse amor em mim presente
Mas que não passa do meu pensamento
Que anseia e que não sente?

Foi um desejo que, sem corpo ou boca,
A teus ouvidos de eu sonhar-te disse
A frase eterna, imerecida e louca -
A que as deusas esperam da ledice
Com que o Olimpo se apouca.


Fernando Pessoa

domingo, março 05, 2006

O Homem Perfeito!

É sensível
Tem sentido de humor (rir-se das minhas piadas é lucro)
É forte e autosuficiente
Não cultiva o corpo mas cultiva o coração
Ouve-me com atenção
Gosta do que eu penso
Percebe-me
Discute com inteligência
Não se amofina
Dá-me o melhor dos presentes...Amor!

Tem mais de metrioitenta e não se sente ameaçado por mim
Importa-se pouco com o que visto
Olha-me as vísceras e gosta...

(nada demais, portantus...)

Armadura!

Arma_dura!
Não há doutras.
Há?
Em havendo avisem-me.

De qualquer maneira, e partindo do pressuposto que só há destas, manter o sufixo convém. Consiga largar-se o prefixo e corre tudo melhor.
Quanto mais não seja poupa-se no ginásio e na psicanálise!!!

Bom Domingo

(eu sei, isto não faz sentido lido assim, é subliminar...sorry)

sábado, março 04, 2006

Madrugar Num Sábado!

Ok, madrugar no caso é excessivo.
08.45 da manhã e toca o despertador.
Festa de anos matinal, crianças a preparar, boleia para elas às 09.30.
Vejo-os da janela entrar na carrinha e fico à espera que partam.

Pondero voltar a dormir.
Lembro-me que, se o fizer, a dor de cabeça posterior é inevitável.
Não cedo à tentação e bebo uma chávena de café bem forte.

Chove a cântaros. O vento sopra furioso.

Fico ali, a observar a intempérie, pensando coisas.
Gosto de estar acordada num Sábado de manhã e constato que há muito não me lembrava disso!

Bom Fim de Semana

Clarividência!

Privilegiados os que a têm.
Afortunados? Não sei...

A clarividência que funciona telescopicamente,
Enxerguando um futuro longínquo,
Que pode nem haver.

O agora, sempre o agora...

quinta-feira, março 02, 2006

Re...Posição!

Uma Ideia!

Já não é nova, esta minha ideia peregrina que passo a expôr, depois de inspirada pelo périplo diário através da blogoesfera, em que é notória a indignação e a vontade de inssurreição sobre o 'status quo' deste condado portucalense:

Lembram-se do movimento 'bandeiral' sem precedentes que ocorreu no nosso país durante o Euro 2004?

Ok.

Então agora pensem o que seria se cada português pendurasse, na sua janela, um cartaz enorme com letras garrafais, manifestando o seu descontentamento e as suas preocupações, mais generalistas ou mais particulares ficando isso ao critério de cada um.

Era lindo ou não era? Ver este país em bloco a manifestar-se, de forma pacífica, de dentro para fora das suas casas?

Eu acho uma ideia óptima, modéstia à parte.

Mais, podia ir-se reciclando o material, consoante os escândalos, o que obviamente daria um trabalhão dada a velocidade a que sucedem, mas que nos ajudaria a todos a exorcizar desapontamentos e genuínos sentimentos de traição.

E ainda estimularia a escrita, fomentando a literacia e a apetência pela mesma.

Quécacham? Ensandeci? Alinham?

Cá espero a resposta, na volta do correio ou ali, na caixa dos 'comentos'!


Hoje acordei assim, arreliada...indignada até!
Voltei a sonhar que era amante do Sócras! Belheque!

quarta-feira, março 01, 2006

Com Comentários!!!

O mundo onde nasci é o errado. Não lhe pertenço. Não o entendo.

Queria publicar as fotos que recebi duma criança a ser castigada por ter roubado. Barbaramente. Onde foi? Pouco interessa. Porque foi? Interessa ainda menos.

Sempre que um ser humano for torturado e humilhado, tenha a idade que tiver, é um assunto que todos temos obrigação de ver, olhar, sentir...

André, se me conseguires ajudar, documento o poste à posteriori.
Senão, pelo menos fica espelhada a minha indignação!

Não gosto de ser terrestre. Haverá lugar para mim em Orion?

terça-feira, fevereiro 28, 2006

Aluguer ou que tal...





With one light on in one room
I know you're up when I get home
With one small step upon the stair
I know your look when I get there
If you were a king up there on your throne
would you be wise enough to let me go
for this queen you think you own
Wants to be a hunter again
wants to see the world alone again
to take a chance on life again
so let me go

The unread book and painful look
the tv's on, the sound is down
One long pause
then you begin
oh look what the cat's brought in
If you were a king up there on your throne
would you be wise enough to let me go
for this queen you think you own
Wants to be a hunter again
wants to see the world alone again
to take a chance on life again
so let me go
let me leave

For the crown you've placed upon my head feels too heavy now
and I don't know what to say to you but I'll smile anyhow
and all the time I'm thinking, thinking

I want to be a hunter again
want to see the world alone again
to take a chance on life again
so let me go.


Written by D.Armstrong & R. Armstrong


Mais de resto, nada...

Deixar Fluir...

Correr pensamentos sem rede,
Deixar as emoções soltas,
Caminhar sem rumo,
Aninhar-me no sonho.

Beber a vida,
Criar felicidade,
Em mim,
No outro.

Ser Alquimista das emoções,
Tocar e transformar,
Ser mais e gostar,
Deixar fluir...

Amar...profundamente!

domingo, fevereiro 26, 2006

All we are...

...is dust in the wind!

(e, se puderes vento, leva-me para longe, para um oceano quente que me acolha...)

Podias Dizer...mas

Não: não digas nada!
Supor o que dirá
A tua boca velada
É ouvi-lo já
É ouvi-lo melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das frases e dos dias.

És melhor do que tu.
Não digas nada: sê!
Graça do corpo nu
Que invisível se vê.


Fernando Pessoa, 5/6-2-1931

Um Domingo sereno espera-me, espero, no passar vagaroso das horas iluminadas por um Sol fraco mas luminoso, que encaixa no meu corpo e me aquece de fora para dentro!

sábado, fevereiro 25, 2006

Nem Comento...

CWINDOWSDesktoptarzan.jpg
Tarzan!


What movie Do you Belong in?(many different outcomes!)
brought to you by Quizilla


Bom, de facto sempre sonhei voar numa liana...
Olha, comentei...


By the way, roubei ao Blogantes, que é como quem diz à Cinderela :D!

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Carnaval II (diálogo)

_ Mãe, primeiro que tudo, odeio mascarar-me; segundo que tudo, está um frio
de rachar.

E pronto, máscara out!!!

(tão pequenino e tão sensato)

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Carnaval!

Aí vem essa belíssima festividade, cheia de boa disposição e samba, esse folclore tão nosso, ali da região saloia.

É ver os corpos com a quantidade de cor inversamente proporcional aos kilos das bailarinas, que dançam ao som dum qualquer cantor também muito português mas que emigrou cedo para o Brásiu (daí a pronúncia), elas com o reduzido biquíni da praxe (uma coisa também muito típica do nosso interior...aliás, já vos falei dos postais ilustrados da minha avó que comprovam tudo isto?), à temperatura ambiente que ronda os zero graus.

Bom, algumas lá põem uns collants que denunciam o estio ainda longínquo.

Não esquecendo, claro, a quantidade de travestis por metro quadrado que indiciam qualquer coisa mal resolvida, ninguém me tira isso da ideia.

É muito, mas muito deprimente.

Mais deprimente ainda as Escolas obrigarem os meninos a levar máscara, mesmo que não achem piadinha nenhuma (caso dos meus filhos), que seja desconfortável e ainda dê azo a competitividades pouco sãs tipo: o meu pai é melhor que o teu porque é mais rico e a minha fantasia mostra-te isso mesmo.

Uma tristeza.

Desejosinha que cheguem as Cinzas de quarta-feira, é o que eu estou!

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Enya

Sublime...
Vou embalada nos acordes e dou por mim looonge, longe!



I walk the maze of moments
but everywhere I turn to
begins a new beginning
but never finds a finish
I walk to the horizon
and there I find another
it all seems so surprising
and then I find that I know


Chorus:
You go there you're gone forever
I go there I'll lose my way
if we stay here we're not together
Anywhere is


The moon upon the ocean
is swept around in motion
but without ever knowing
the reason for its flowing
in motion on the ocean
the moon still keeps on moving
the waves still keep on waving
and I still keep on going


Chorus

I wonder if the stars sign
the life that is to be mine
and would they let their light shine
enough for me to follow
I look up to the heavens
but night has clouded over
no spark of constellation
no Vela no Orion


The shells upon the warm sands
have taken from their own lands
the echo of their story
but all I hear are low sounds
as pillow words are weaving
and willow waves are leaving
but should I be believing
Then I am only dreaming


Chorus

To leave the thread of all time
and let it make a dark line
in hopes that I can still find
the way back to the moment
I took the turn and turned to
begin a new beginning
still looking for the answer
I cannot find the finish
It's either this or that way
it's one way or the other
it should be one direction
it could be on reflection
the turn I have just taken
the turn that I was making
I might be just beginning
I might be near the end.


(pois, tudo encaixa...assim, naturalmente)

The Moon Upon The Ocean!

...begin a new beginning...

O eco das histórias dos outros faz-me viver estórias que não são minhas.
Hoje foi dia de relatos tristes de pessoas que não vingaram, que não venceram.
Devia fazer análises, pois devia.
Prefiro adiar!


I might be near the end...e, não vou querer saber.

PS: este poste tem destinatário!

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Do Baú de Recordações!

(escrito por mim vai um ano, dia 10 de Fevereiro de 2005 e que, especialmente hoje, faz ainda todo o sentido...)

As Portas e as Janelas

Diz-se que Deus fecha uma porta mas abre uma janela.

Detenho-me nisto e analiso: o que difere entre uma e outra, enquanto metáfora que encerra um significado para além da semântica?

- a porta é mais alta e mais larga e tem uma função específica, de passagem: ou se entra ou se sai. Pode ficar entreaberta, permitindo liberdade de movimentos ou dando a entender as boas vindas a quem chega;

- a janela abre-se com o propósito de deixar que o ar circule ou que o sol banhe o soalho. Se o tempo está frio ou chuvoso tende a permanecer fechada. Se, pelo contrário, o sol brilha e a temperatura é amena, escancara-se a dita e o mundo caseiro amplia-se.

Posto isto o que quererá dizer a frase em análise?

A minha interpretação é livre e cheia de subjectividade (redundância). Retiro dali uma mensagem fundamental:

'não te detenhas perante uma porta fechada. procura antes a janela. usa-a com uma mão cheia de intuição, racionalidade q.b. e uma pitada de risco. saindo pela janela, podes sempre dar a volta ao destino, chegar à porta fechada e descobrir, assim, que ela abre por fora...'

Di Dixit!

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Ritmos!




Easy lover
She'll get a hold on you believe it
Like no other
Before you know it you'll be on your knees
She's an easy lover
She'll take your heart but you won't feel it
She's like no other
And I'm just trying to make you see

She's the kind of girl you dream of
Dream of keeping hold of
You'd better forget it
You'll never get it
She will play around and leave you
Leave you and deceive you
Better forget it
Oh you'll regret it

No you'll never change her, so leave it, leave it
Get out quick cos seeing is believing
It's the only way
You'll ever know

Easy lover
She'll get a hold on you believe it
Like no other
Before you know it you'll be on your knees
She's an easy lover
She'll take your heart but you won't feel it
She's like no other
And I'm just trying to make you see

You're the one that wants to hold her
Hold her and control her
You'd better forget it
You'll never get it
For she'll say there's no other
Till she finds another
Better forget it
Oh you'll regret it

And don't try to change her, just leave it, leave it
You're not the only one, ooh seeing is believing
It's the only way
You'll ever know, oh

No don't try to change her, just leave it, leave it
You're not the only one, ooh seeing is believing
It's the only way
You'll ever know, oh

She's an easy lover (she's a easy lover)
She'll get a hold on you believe it (get a hold on you)
(She's) like no other
Before you know it you'll be on your knees (you'll be down on your knees)
She's an easy lover
She'll take your heart but you won't feel it (you won't feel it)
She's like no other
And I'm just trying to make you see (trying to make you see)



A vida tem ritmos, cadências certas e mensuráveis que não resisto a analisar.

A minha história é feita, fundamentalmente, de etapas estanques.

Há a infância em que, para além dum sopro cardíaco (fisiológico, disseram os sábios da altura), da minha primeira aventura com uma pastilha elástica, do meu primeiro dia de escola e da primeira aula de natação (que sei que foi aos 3 anos porque tenho o cartão do Clube Nacional de Natação que o comprova), pouco mais retenho (tirando um ou outro episódio de fantasia que, como tal, não é credível).

Depois, na adolescência, era uma garota linda...mesmo linda. Mas não sabia. Era muito alta e sobressaía no meio escolar, o que não era necessariamente bom (aliás, era mau...chato, quando se quer passar despercebida).
Nunca fui namoradeira. Era um bocadinho arisca. Não que fosse preciso porque, a comparar com irmã, primas e amigas o meu sucesso com o sexo oposto era nulo. Talvez o meu ar altivo enviasse a mensagem certa: chega para lá que eu não estou a fim!

Na idade adulta, que começa para mim aos 20 anos, amadureci muito rapidamente. Depressa demais. Não me dei tempo, escolhi um caminho apressado, deixei-me condicionar por factores exógenos à minha vontade, casei cedo o que me levou à maternidade precoce e a uma quantidade de situações estranhas. Não vou falar delas aqui.

Hoje, ao mesmo tempo que me sinto uma mulher adulta e sensata, tenho de lutar contra a adolescente/criança que de vez em quando toma conta de mim.
Curioso o facto de achar que as devo castrar. Se calhar o mais sensato é mesmo deixá-las co-existir com a Maior, sabendo escolher os momentos certos para que elas se revelem.

O ritmo, de qualquer maneira, é só meu, venha quem vier.
E é feito de acordes que nem sempre têm a sintonia que seria desejável. Mas são os que escolhi.

A música é minha e da partitura sou a autora.
Se soa mal, se gera nos outros a sensação de desarmonia, paciência.

Si bemol ou dó maior? Fui eu que escolhi!

sábado, fevereiro 18, 2006

Da Vontade de Açúcar!

Tenho uma mania. Bom, tenho várias confesso, mas no momento quero falar duma específica.
Gosto de açúcar.

Enquando garota, retenho como das minhas primeiras memórias a Natália que era nossa criada e que tinha o pelouro das crianças, a ensinar-nos (a mim e aos manos) a fazer guloseimas caseiras. A minha favorita era tão simples quanto derreter um pouco de açucar ao lume, juntar água qb e pôr em cima dum palito, na pedra mármore que sustinha o lava-louça. Quando arrefecia, descolava facilmente.

Fazíamos assim os chupa-chupas possíveis.

Daqueles de eu gostava, verdadeiramente, vendia o Sr. Manuel, merceeiro do bairro que me viu crescer. Eram redondos e achatados e tinham o desenho da fruta que lhes dava o sabor. Era, de qualquer maneira, raro os meus pais permitirem que na conta que mantinham aberta todo o mês, pudesse constar desses mimos não previstos. Sendo assim, só com dinheiro vivo nos era permitida a aquisição.

Uma festa, quando o Avô Tristão nos dava pilim. Era imediatamente gasto ali, em Piratas, Piratinhas, Sugos de mentol ou de frutas e todo o tipo de guloseimas.

Muitos anos mais tarde, ainda adoro chupa-chupas. E não me preocupa a figura que possa fazer quando me delicio com um, degustado em público.

Compro aos pacotes.

Uma vez, no Metro, uma criança sentada à minha frente olhava para mim com aquele ar de também quero!
No problem, eu sou perspicaz.
Feita a pergunta à mãe, que anuiu, dei-lhe um de morango.
E o resto da viagem foi feito de trocas de olhares cúmplices de prazer entre mim e aquele menino que, verdadeiramente, me compreendia!

Bom Fim de Semana!!!

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Pessoas!

Vamos ter uma visão optimista das coisas. Eu não caminho para o trabalho: passeio até lá.

Dir-me-ão que é a mesma coisa, um mero jogo de palavras.
Não é!

A observação do espaço e de quem conosco se cruza é condição para transformar um automatismo num momento de prazer.

As pessoas reagem ao olhar, sabiam?
Se são interceptadas por um sorriso andante surpreendem-se. E respondem.

Não estão habituadas a mais do que um cruzamento de corpos, em direcções opostas, sem apreensão de mais do que do espaço que precisam para não haver colisão.

Eu tenho passeado.

Sorrio a quem comigo se cruza.

Ouço música enquanto ando e talvez isso ajude a uma expressão corporal condizente com um espírito pacificado. E tem sido surpreendente, acreditem. Os transeuntes sorriem de volta. Nomeadamente os mais velhos que, num ápice, reparam em alguém disponível para o outro. Esses, com a sabedoria e perspicácia que o tempo lhes trouxe, aproveitam o momento logo logo. E trocam dois dedos de conversa, num qualquer semáforo, esperando que o boneco os chame à travessia.

O Mundo pode ser um sítio melhor! Eu faço por isso!

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

O Tempo, Sempre o Tempo...

Sobra-me pouco. Sobra sempre pouco.

Queridos comparsas blogueiros, peço desculpa por esta interrupção nas visitas e nos comentários jocoso-hilariantes (modeste, eu...) que ia largando nas vossas casas e que, de repente, desapareceram.

Estou embrulhada em trabalho e em outras coisas que me fazem passar por vós sem deixar rasto. Acompanho-vos, though...mesmo em silêncio.

Sabem? Quando se está feliz e ocupada a vida corre a mil à hora. Mas sabe bem e há muito tempo que não me sentia assim.

Beijos a rodos para todos:

Inha (Mana)
Spart (coração)
Safo (coração do Spart :))
Rosário (artista)
Steed (o mau feitio que eu gosto)
Aurora (gémea do telemóvel a vibrar)
Ana P. do Blogantes (gémea, das tais Torres, ainda em pé...sempre)
Papagaio (cor do dia)
Pato (sintonia)
Ana do Luar (vou-te lendo)
Sara (filhota)
Pêndulo (o irritante de quem gosto, vá-se lá saber porquê)
Pólux (fora deste mundo)
Isabel (poeta irresístivel)
Miss Pearls (amiga do coração)
André e o resto da Geração (obrigatório)
cm (desaparecido mas pouco :))


E todos os outros que persistem em visitar-me só porque sim.

Beijo enooorme!

(e desculpem)

Post Scritum Importantíssimo: O Xung, o meu Xung...Tasmânia Rula!!!!

Raiou, o Sol!

Olho o céu sempre preocupada.
Preocupo-me com pouco, eu sei.
Mas de lá, do céu, pode vir tudo:

A Luz e o Breu
O Calor ou o Frio

Às vezes não há Sol.
Outras sim.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Culinária!

Confesso, não gosto de cozinhar. Bom, até me dá prazer por vezes, desde que não seja por obrigação, tipo mãe canário com os filhos a piar em desespero de bico aberto à espera do alimento...isso não é culinária, é sobrevivência.

Quando me aventuro nos tachos e panelas até sai coisa comestível. Há ocasiões (de alguma inspiração) em que sai mesmo qualquer coisa espantosamente deliciosa. O problema é que eu invento, sempre. Não leio receitas, não olho a pesos ou medidas outras.
Cozinho como vivo: de improviso.

Lá está, tem alguns contras: não consigo fazer um mesmo petisco duas vezes.

Na vida é igual. Uma pitada de sorte, discernimento qb e a diferença é abissal quanto ao resultado, para melhor.

Comam bem, mas com a Vossa conta, peso e medida.

(mas que raio, até o blgger hoje tem forma de coração...há saco? apre)

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Não Poderia Concordar Mais...

A estranha morte do Ocidente

Luciano Amaral
Professor universitário

Independentemente das consequências últimas que venha a ter o caso dos
cartoons de Maomé, dele restará mais uma pequena morte do chamado Ocidente.
Haverá poucas coisas que melhor o definam do que a liberdade de expressão e
a separação entre a opinião pública e o Estado. Quando quadrilhas de
radicais islamitas, orquestradas por Estados autocráticos, fizeram um
chinfrim disparatado a propósito dos cartoons, era de esperar que o Ocidente
se unisse na afirmação daqueles princípios. Que asseverasse a sua
especificidade cultural, dizendo claramente se vos ofende a representação
gráfica do profeta, a nós ofende-nos a limitação da liberdade de o fazer.
Ofende-nos que um governo tenha de pedir desculpa pelas opiniões expressas
por um cidadão privado num jornal. A reacção inicial do primeiro-ministro da
Dinamarca foi a correcta e bastava que o dito Ocidente a secundasse com
naturalidade para pôr ponto final na conversa. Quando governos de países
muçulmanos lhe pediram que o Governo dinamarquês se retractasse pelos
cartoons, Andreas Fogh Rasmussen explicou que não era responsável pela
opinião de um jornalista. Todos nós, ocidentais, passamos o tempo a
cruzar-nos com mensagens que consideramos ofensivas, mas aceitamo-las, em
nome de algo que consideramos superior a liberdade de outrem emiti-las. Até
porque é ela que nos permite fazer o mesmo, ainda que seja de forma
involuntária.
Os cristãos ocidentais têm de suportar quotidianamente insultos
extraordinários Cristo como homossexual, Maria como prostituta ou ornada de
bosta de elefante, para dar apenas alguns exemplos gratuitos. Se manifestam
a sua repulsa, logo são tomados por uma franja social lunática ou atacados
com uma bateria de argumentos sobre o carácter inegociável da liberdade de
expressão. Agora, muitos dos mesmos que tanto se deleitam a insultar o
cristianismo à sombra da liberdade de expressão, descobriram a
"sensibilidade cultural" do islamismo. Nada disto é novo, mas desta vez
assumiu proporções (literalmente) de caricatura. Seguidores de Maomé
destroem as torres gémeas de Nova Iorque e uma ala do Pentágono, matando
mais de três mil pessoas, enquanto nas ruas de Ramallah se celebra dançando;
destroem a Embaixada americana em Nairobi, matando 250 pessoas; destroem uma
composição ferroviária em Madrid, matando 200 pessoas; destroem umas quantas
carruagens de metro em Londres, matando 50 pessoas; destroem uma rua
turística de Bali, matando 200 pessoas; o Presidente do Irão promete riscar
Israel do mapa e afirma que o Holocausto não passa de uma "fantasia
judaica". Tudo isto acontece e repetem-se as vozes dizendo-nos que é preciso
"compreendê-los" e às suas "razões de queixa" pela "arrogância" ocidental.
Agora já nem sequer se pode publicar um cartoon em Copenhaga sem que o
"mundo islâmico" se indigne e uma multidão de ocidentais se penitencie, com
diversos governos (inclusivamente de países onde os cartoons não foram
publicados, como a Grã-Bretanha) desmultiplicando-se em desculpas pelo
comportamento de cidadãos privados de outros países. Claro que, quanto mais
este penoso espectáculo continua, mais os radicais islâmicos se permitem
reivindicar uma razão que os próprios ocidentais lhe conferem e passar à
violência despropositada. A pretexto dos cartoons destruíram-se embaixadas
inteiras, ou seja, países foram fisicamente atacados, mas muita gente
continua a assegurar-nos que é preciso "compreendê-los". E quando,
exactamente, é que o Islão terá de nos "compreender" a nós?
A triste conclusão é que, provavelmente, o Islão não tem nada que nos
"compreender" a nós porque a cada dia que passa nós vamos existindo um pouco
menos. Quem vê as torres gémeas cair e os comboios de Madrid a arder e
continua a pregar a "compreensão" do outro não é, obviamente, merecedor de
qualquer respeito. O ódio de tantos ocidentais à civilização a que pertencem
é um dos fenómenos mais fascinantes e deprimentes do mundo de hoje. São
esses os ocidentais que passam o tempo a recensear horrores no Ocidente, ao
mesmo tempo que "compreendem" os horrores alheios, em nome da sua
"especificidade" cultural. São eles que nunca encontram nenhuma razão para o
Ocidente se defender de insultos e ataques. São eles que consideram Bush e
os EUA os equivalentes actuais do nazismo (sem exagero basta lembrar o nosso
ministro dos Negócios Estrangeiros, as bandeiras americanas com as cruzes
gamadas ou Bush com o respectivo bigodinho alusivo), mas parecem achar
normais as regurgitações iranianas sobre o Holocausto. São eles que
consideram Guantánamo a maior vergonha da humanidade (o "novo gulag", na
imortal definição da Amnistia Internacional), mas encolhem os ombros aos 300
mil mortos do regime de Saddam.
O mais interessante disto tudo é que são mesmo capazes de ter razão. Se uma
civilização não gera os instintos necessários para sobreviver, é porque não
merece sobreviver. Se são eles que preferem não se defender a si próprios,
porque razão haverá alguém de os defender a eles?