sábado, julho 30, 2005

Pensar Duas Vezes...

...antes de agir sob preconceito.

Vinha das compras, no ACS, vejo aproximar-se uma velhinha, com um ar tão doce quanto humilde.

Salta-me à vista as cores garridas da t-shirt que trazia vestida e que, confesso, achei despropositadas. À medida que se tornava possível destrinçar o que lá estava estampado, li:

I don't Like Sex...
I Love It!!!

Achei que devia perguntar-lhe se percebia inglês. Ela sorriu, topando-me na hora. Exclamou:

_oh menina, pois atão num percebo? Foi a minha neta que me deu esta blusa e sabe porquê? Porque me conhece...

Sorri, e fugi dali embaraçada com a surpresa do meu próprio juízo preconcebido.

:)

quinta-feira, julho 28, 2005

Sinceramente!

Acho que não pertenço ao Hoje!

Serei do Ontem, do Amanhã, quem sabe...do Hoje não sou, de certeza!

De facto, podia relembrar factos que se passaram há 2 séculos, se me apetecesse.

O que vos vale é que, da sobriedade que ainda me resta, retiro o ridículo que seria fazê-lo. E calo-me!

quarta-feira, julho 27, 2005

De Profundis...

Sim, eu sei, plágio.

A ideia está lá e eu uso-a porque sim.

Há valsas a dançar. A música é escrita com o intuito de agarrar um par e esse par se tornar uno nas voltas das notas, escritas para que essa coordenação de movimentos nos dê a sensação de pertença ao outro...pelo menos enquanto duram os acordes!

sábado, julho 23, 2005

Arranjadinha...

...fico mesmo linda!

Olho para mim e gosto do que vejo. Estou mesmo bonita. Investi nisso e o resultado foi brilhante.

Hoje é dia de festa. Vou à missa celebrar 95 anos duma tia avó que tem os olhos azuis mais bonitos que já vi (ok, ok, os do meu ex também são e os do meu mais pequenino deslumbram...).

Vou ler uma passagem da Bíblia que escolhi para a ocasião e que deixo aqui:

"Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas posteriores também não haverá memória entre os que hão de vir depois delas." Eclesiates 1:11

Segue-se um jantar de leitão e lombo com castanhas...

(vou passar o tempo procurando um espelho, para não perder nem uma pitada deste narcisismo despropositado que me atacou)

sexta-feira, julho 22, 2005

Subscrevo!

A desilusão

Vamos pela vida intercalando épocas de entusiasmo com épocas de desilusão. De vez em quando andamos inchados como velas e caminhamos velozes pelo mar do mundo; noutras ocasiões - mais frequentes do que as outras - estamos murchos como folhas que o tempo engelhou. Temos períodos dourados, em que caminhamos sobre nuvens e tudo nos parece maravilhoso, e outros - tão cinzentos! - em que talvez nos apetecesse adormecer e ficar assim durante o tempo necessário para que tudo voltasse a ser belo.
Acontece-nos a todos e constitui, sem dúvida, um sinal de imaturidade. Somos ainda crianças em muitos aspectos.
A verdade é que não temos razões para nos deixarmos levar demasiado por entusiasmos, pois já devíamos ter aprendido que não podem ser duradouros.
A vida é que é, e não pode ser mais do que isso.
Desejamos muito uma coisa, pensamos que se a alcançarmos obtemos uma espécie de céu, batemo-nos por ela com todas as forças. Mas quando, finalmente, obtemos o que tanto desejávamos, passamos por duas fases desconcertantes. A primeira é um medo terrível de perder o que conquistámos: porque conhecemos o que aconteceu anteriormente a outras pessoas em situações semelhantes à nossa; porque existe a morte, a doença, o roubo...
A segunda fase chega com o tempo e não costuma demorar muito: sucede que aquilo que obtivemos perde - lentamente ou de um dia para o outro - o encanto. Gastou-se o dourado, esboroou-se o algodão das nuvens. Aquilo já não nos proporciona um paraíso.
E é nesse momento que chega a desilusão, com todo o seu cortejo de possíveis consequências desagradáveis: podem passar-nos pela cabeça coisas como mudarmos de profissão, mudarmos de clube, trocarmos de automóvel ou de casa, divorciarmo-nos...
E, então, surge o desejo de partir atrás de outro entusiasmo: queremos voltar a amar...
Nunca mais conseguimos aprender o que é o amor.
Se nos desiludimos, a culpa não está nas coisas nem está nas outras pessoas. Se nos desiludimos, a culpa é nossa: porque nos deixámos iludir; porque nos deixámos levar por uma ilusão. Uma ilusão - há quem ganhe a vida a fazer ilusionismo - consiste em vestir com uma roupagem excessiva e falsa a realidade, de modo a distorcê-la ou a fazê-la parecer mais do que aquilo que é.
Quando nos desiludimos não estamos a ser justos nem com as pessoas nem com as coisas.
Nenhuma pessoa, nenhuma das coisas com que lidamos pode satisfazer plenamente o nosso desejo de bem, de felicidade, de beleza. Em primeiro lugar porque não são perfeitas (só a ilusão pode, temporariamente, fazer-nos ver nelas a perfeição). Depois, porque não são incorruptíveis nem eternas: apodrecem, gastam-se, engelham-se, engordam, quebram-se, ganham rugas... terminam.
Aquilo que procuramos - faz parte da nossa estrutura, não o podemos evitar - é perfeito e não tem fim. E não nos contentamos com menos de que isso. É por essa razão que nos desiludimos e que de novo nos iludimos: andamos à procura...De resto, se todos ambicionamos um bem perfeito e eterno, ele deve existir. Só pode acontecer que exista. Mas deve ser preciso procurar num lugar mais adequado.

Paulo Geraldo

quinta-feira, julho 21, 2005

Pinturas

Inspiro-me, levanto os olhos ao céu e entrego a alma ao que vier.
Pego no pincel e misturo as tintas, cuidadosamente, antes de as espalhar pela tela.
Vai surgindo uma forma.
Aquilo que eu quero que pareça, é.

No fim fica linda a pintura, cheia de cor e luz, prometedora.



Nota Mental: a qualidade das tintas é fundamental para que, passado uns tempos, não se olhe um quadro cheio de nada...

Desconfiada...

...pelo sim, pelo não, hoje esperei em vigília o nascer do sol...

e não é que nasceu?

:)

quarta-feira, julho 20, 2005

Dos Livros!

Há aqueles que lemos de enfiada, sem pausas, numa ânsia do epílogo.

Há os que vamos pegando e largando, ao sabor do estado de espírito.

Há outros que, didácticos, estão sempre à mão para consulta.

E depois, há aqueloutros que, não se sabe porquê, ficam na prateleira a ganhar pó. Até que haja coragem de os ler com o coração mais do que com a cabeça.

Esses, tenho-os todos ali ao lado da minha cama, por saber que a hora de me recolher é a hora em que me percorre uma serenidade que é fugidia, em vigília aguda.

Com os olhos semi-cerrados, vou aprendendo, devagarinho, aquilo que durante o dia vou recusando, ao sabor dos dever-ser e quejandos....

terça-feira, julho 19, 2005

segunda-feira, julho 18, 2005

Eu só Queria Escrever Assim...

Sê tu a palavra

1. Sê tu a palavra,
branca rosa brava.

2. Só o desejo é matinal.

3. Poupar o coração
é permitir à morte
coroar-se de alegria.

4. Morre
de ter ousado
na água amar o fogo.

5. Beber-te a sede e partir
- eu sou de tão longe.

6. Da chama à espada
o caminho é solitário.

7. Que me quereis,
se me não dais
o que é tão meu?

Eugénio de Andrade dixit (mas queria Eu ter dito)

Borbulhas...

...o Sol não está para brincadeiras.

...nem eu...

domingo, julho 17, 2005

Rápido, Rápido...

Bolas, eram 2h22' e já não são. Gaita para isto.
Precisava que fosse essa a hora para que me inspirasse a escrita...

Não sendo, resta-me dizer que há umas noites tão mas tããão esquisitas por aí que chegar ao remanso do lar se torna reconfortante. E seguro!!!

(tenho aproveitado esta ausência 'filhal' para me dedicar à vistoria da noite e, concluo, o mundo está um lugar estranho...no mínimo)

'Atõm', afinal 'erem'??? Porra prá coisa...

quinta-feira, julho 14, 2005

A Lagartixa Verdiroxa

Caminhando por uma estrada de terra batida que, a cada passada, levantava uma nuvem de pó que toldava a vista já cansada do velho obstinado, apareceu uma fada, difusa, mas uma fada certamente.

Perguntou-lhe o que o fazia caminhar há tantos anos aparentemente sem rumo. O velho respondeu:

_ Há pelo menos 50 anos que procuro uma promessa. Disseram-me que há lagartixas verdiroxas e eu quero encontrá-las. Quero ser um nome num livro relacionado com essa descoberta, para que o mundo nunca me esqueça como o homem que descobriu uma lenda, que afinal não era.

A fada parou-o, encostando a mão ao seu peito. E pediu-lhe, gentilmente, que se sentasse ali numa pedra do caminho e a ouvisse.

Com uma voz doce, como só as fadas têm, disse:

_ Velho senhor, passaste cinquenta anos à procura de algo que te perpetuasse para além da vida terrena. Ainda não descobriste a tal lagartixa que projectaste no futuro...um dia encontrarias, quem sabe...entretanto, escapou-se-te o Hoje, o Agora, a única coisa que realmente possuis de certeza. Pensa nisto. Pensa que, perdido que andas obcecado com o momento que aí vem, perdeste o presente. E é só este que vale, que existe, que pode dar-te a paz para fazeres caminho. Mas caminho a sério, não aquele com um destino no lá longe. Pensa nisto.

Com estas palavras desapareceu.

O velho achou que ela era doida, que não percebia nada de objectivos de vida e que se lixasses porque ele ia continuar a sua caminhada.

De repente espirrou. Esse espirro podia ser igual a tantos outros mas não foi. Aconteceu que, naquele momento, sentiu uma tontura muito grande e teve vontade de se deitar. Fê-lo debaixo duma árvore à beira da estrada de pó.

Adormeceu.

Quando acordou doía-lhe o corpo todo. Estava dormente da cintura para baixo e não conseguia, sequer, levantar-se.
Um pássaro mais atrevido, num vôo rasante, picou-lhe o alto da cabeça.

Pensou então nas palavras da fada. Percebeu que aquele agora era o que decidiria o que se seguiria. Não havia futuro, não havia passado, nada. Havia aquele momento presente que o imobilizava e o impedia do daqui a pouco.

Ficou assim, estático, a pensar nas palavras daquela mulher cheia de luz, que lhe apareceu no plano de vida desenhado ao pormenor ontem, para chegar ao amanhã...

quarta-feira, julho 13, 2005

Experiência

Escrever só com um dedo, o indicador esquerdo.

Demora-se mais.
A escrita é menos fluida mas naturalmente mais ponderada.

Porque, entre cada letra vai um espaço que dá o tempo. Da reflexão, da exaltação que não há, espera-se uma maior profundidade nas ideias passadas para aqui.

Mas também há um cansaço, do caminho do teclado que, de repente, é tão pouco ergonómico.

Decididamente, eu escrevo melhor com a alma de pianista que quis ser...e não fui!

(e para fazer parentesis, acentos, pontos de exclamação, ou mesmo maiúsculas, fiz batota)

segunda-feira, julho 11, 2005

Feliz Aniversário

O meu:

Que hoje seja o primeiro de muitos dias felizes e cheios de concretizações de Sonhos.

Que aproveite tudo o que a natureza me pôs à disposição e crie a vontade de, em mim e em quem me rodeia, pelo menos esboçar um sorriso por dia.

Que continue a ter comigo, por muitos anos, estes três filhos maravilhosos (telefonaram-me agora, lá de Estocolmo onde estão, e conversámos meia-hora...que grande prenda).

Amigos como tenho. Família que me aquece. Melhor? Não há.

Um mundo de esperança pela frente, que vá agarrando todos os dias com a fé dos que não desistem.

Parabéns para Mim.

domingo, julho 10, 2005

A Caminho da Piscina

Arranco daqui, no meu Saxo a 60º C, rumando em aceleração acima da lei, direitinha ao Lisboa Racket Centre para uma tarde de piscina, como faço há anos. No caminho (e estas coisas ainda me espantam, vá-se lá saber porquê...), um Opel Corsa a picar-me!

Achei graça, estava bem disposta e aquilo foi a adrelanina extra que precisava para ir acordando até ao destino final.

No fim, acabamos por parar num semáfro, lado a lado.

Um caramelo todo giraço abre a janela e faz-me sinal. Eu desço o vidro do pendura e fico atenta ao palavrão que vai sair, de certezinha.
Não sai.
Nenhum palavrão, antes um convite: vamos juntos à praia?

Perplexa, ainda a recompor-me, respondo: er...eu não sei o caminho para praia nenhuma. Sou romena e só cá estou há 2 meses. O meu português sem sotaque deve-se ao facto de ter uma patroa portuguesa que, enquanto lhe lavo a casa de banho, me vai ensinando a língua de Camões.

E arranquei em três segundos, com o ego no céu!

:)

sexta-feira, julho 08, 2005

Carta (semi) Aberta

(no fundo, esta missiva dirige-se a todos os que, sustentados na sua noção de integridade e de amor à verdade, enaltecem um egoísmo exacerbado que, cegando-os, não lhes deixa espaço para o espaço do outro)

Caro,

Virar costas e sair a correr tem laivos de cobardia, mas não é.
É outra coisa: é perceber que estar ali já não é mais do que alimentar um processo destrutivo, ignóbil em ambas as direcções e com efeito de alucinogéneo (associado a uma 'bad trip').

À distância, sossoboro! Mas em paz!

(e, depois dum tempo que só o tempo tem, passa tudo e a vida continua, espera-se, com melhores escolhas de com quem partilhar um sonho, ou até dois...)


As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade

quinta-feira, julho 07, 2005

Etimologia da Palavra

Esperança:

Evolução relativa a esperar com confiança.

São 7h e picos da manhã e acabei de me despedir dos meus filhos. Vão a caminho da Suécia com o pai e a namorada do dito passar umas férias que, tenho esperança, lhes proporcionarão momentos de intensa felicidade e aventura.

Embarcam na Portela às 9h num avião da TAP com escala em Copenhaga, antes de aterrarem em Estocolmo.

Esta verborreia matinal tem um propósito: encher a minha cabeça com o barulho deste silêncio que de repente ficou...e que me dói!

Voltem depressa meus amores, sãos e felizes como eu vos quero, sempre...

Da Mãe que vos ama acima de tudo, infinitimaizalém!

terça-feira, julho 05, 2005

Vida Difícil

Enquanto não aceitarmos que a vida é difícil, e isso não é mau, não só não arranjamos estratégias e calma para vencer as dificuldades, como as aumentamos e arranjamos uma dificuldade maior. O que torna a vida ainda mais difícil do que é na realidade é pensar que ela devia ser fácil ou que alguém tem direito à facilidade.
Mas a vida sem luta não é vida!

(Padre) Vasco Pinto de Magalhães, in 'Não Há Soluções, Há Caminhos'

(a minha mãe, que às vezes me surpreende com a sua perspicácia, emprestou-me hoje este livro...quando o abri, cairam-me no colo 6 fotos minhas de há muitos anos...pergunto-me porque raio ela sabia que este livro era, hoje, para mim)

Crescer ou Decrescer

Tudo o que não cresce, decresce e arrisca-se a desaparecer.
Este parece ser um princípio básico da vida.
Não há meio termo, ninguém fica de fora desta realidade.
Se deixo de investir numa relação, ela não se aguenta;
se não dou continuidade à minha formação, deformo-me inevitavelmente, e por aí fora...
E quem não continua a investir na fé e no amor, corre o risco de perder ambas as coisas.

(Padre) Vasco Pinto de Magalhães, in "Não Há Soluções, Há Caminhos"

Não chego mais longe...fico por aqui!

sexta-feira, julho 01, 2005

Aos meus 3 leitores assíduos

Comunico que este blogue encerra por tempo indeterminado!

Estou a pensar na possibilidade do trespasse...os € 50 davam-me jeito!

Até...ou não!