quarta-feira, dezembro 14, 2005

Ritsos

(hoje, pela mão dum desconhecido amigo, conheci este poeta e este poema, que me foi dedicado)

SEMPRE


Começamos uma conversa – fica a meio.
Começamos a construir um muro – não nos deixam terminá-lo.
E a nossa canção, dividida.
Tudo acaba no horizonte.

Sobre as oleados passam em manadas as estrelas
às vezes cansadas, às vezes amargas, no entanto seguras
pelos seus caminhos, e pelos nossos.

E o dia, até ao mais injusto, deixa-te no bolso
uma bandeirinha azul e branca da festa do mar,
deixa-te uma rabanada de ar limpo
deixa-te na vista a graça dos olhos
que contigo olhavam a mesma pedra,
que repartiram por igual a mesma dor, a mesma nuvem, a mesma sombra.

Tudo temos repartido, camaradas,
o pão, a água, o cigarro, a pena, e a esperança.
Agora podemos viver ou morrer
singelamente com beleza – com muita beleza –
do mesmo modo que abrimos uma porta à manhã
e dizemos bom-dia ao sol e ao mundo.

2 comentários:

Anónimo disse...

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Anónimo disse...

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