sexta-feira, julho 08, 2005

Carta (semi) Aberta

(no fundo, esta missiva dirige-se a todos os que, sustentados na sua noção de integridade e de amor à verdade, enaltecem um egoísmo exacerbado que, cegando-os, não lhes deixa espaço para o espaço do outro)

Caro,

Virar costas e sair a correr tem laivos de cobardia, mas não é.
É outra coisa: é perceber que estar ali já não é mais do que alimentar um processo destrutivo, ignóbil em ambas as direcções e com efeito de alucinogéneo (associado a uma 'bad trip').

À distância, sossoboro! Mas em paz!

(e, depois dum tempo que só o tempo tem, passa tudo e a vida continua, espera-se, com melhores escolhas de com quem partilhar um sonho, ou até dois...)


As palavras

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves.Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?


Eugénio de Andrade

4 comentários:

Pêndulo disse...

Gosto de re-edições.
Grande nena hein !
;p

Alexandra disse...

Ai cumiço anda....

Anónimo disse...

Grande mulher.
Forte como aço.
bjs

Anónimo disse...

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