segunda-feira, janeiro 31, 2005

A Seca!

Há, pelo menos, 3 meses que não chove em Lisboa. Ouço dizer que a seca atinge todo o país, tirando um ou outro episódio esporádico de pluviosidade.

A tendência noticiosa é para a catástrofe, para o apocalipse, para o fim do mundo como o conhecemos.

(quando não há tsunamis há que fazer pela vida e um ênfasezito na desgraça, nem que a despropósito, dá um jeitaço).

Serve este intróito para afirmar, convictamente, que não acredito em fatalidades construídas para vender papel ou imagem. É prestar atenção e ouvir a populaça entrevistada pela comunicação social e desmonta-se rapidamente a 'tese da desertificação inevitável'. Há uns dias ouvia uma senhora de Mértola, duns 50 anos, a dizer que há pelo menos 100 anos que não via o leito do rio Guadiana tão baixo. Pois...

Eu gosto do nosso povo. Acho mesmo que nos dá, todos os dias, lições de como não ser.

O choradinho, o subsídiozinho, a culpa do Governo, o desemprego, a seca, os fogos, a chuva torrencial, um sem número de desgraças que nos tornam desgraçados.

Lembro-me que é esse mesmo povo que passa o ano todo a dizer que não tem nada. Vive na maior miséria...sobrevive. Depois dum fogo, duma seca, duma enxurrada, perde TUDO. Mas tudo o quê, afinal? As cabeças de gado, os pinheiros, os sobreiros, o mel, os pomares, os tractores, as vinhas...

Há quem deixe os animais morrerem à fome porque não há pasto. E comprar ração? Nem pensar. O subsídio paga a rês morta mas estoutra não paga.

E seguros? Que tal?

Ai o Fundo Social Europeu, tanto mal que nos fez.

Mas isto sou eu que digo...eu e as minhas perplexidades!