A Lagartixa Verdiroxa
Caminhando por uma estrada de terra batida que, a cada passada, levantava uma nuvem de pó que toldava a vista já cansada do velho obstinado, apareceu uma fada, difusa, mas uma fada certamente.
Perguntou-lhe o que o fazia caminhar há tantos anos aparentemente sem rumo. O velho respondeu:
_ Há pelo menos 50 anos que procuro uma promessa. Disseram-me que há lagartixas verdiroxas e eu quero encontrá-las. Quero ser um nome num livro relacionado com essa descoberta, para que o mundo nunca me esqueça como o homem que descobriu uma lenda, que afinal não era.
A fada parou-o, encostando a mão ao seu peito. E pediu-lhe, gentilmente, que se sentasse ali numa pedra do caminho e a ouvisse.
Com uma voz doce, como só as fadas têm, disse:
_ Velho senhor, passaste cinquenta anos à procura de algo que te perpetuasse para além da vida terrena. Ainda não descobriste a tal lagartixa que projectaste no futuro...um dia encontrarias, quem sabe...entretanto, escapou-se-te o Hoje, o Agora, a única coisa que realmente possuis de certeza. Pensa nisto. Pensa que, perdido que andas obcecado com o momento que aí vem, perdeste opresente. E é só este que vale, que existe, que pode dar-te a paz para fazeres caminho. Mas caminho a sério, não aquele com um destino no lá longe. Pensa nisto.
Com estas palavras desapareceu.
O velho achou que ela era doida, que não percebia nada de objectivos de vida e que se lixasses porque ele ia continuar a sua caminhada.
De repente espirrou. Esse espirro podia ser igual a tantos outros mas não foi. Aconteceu que, naquele momento, sentiu uma tontura muito grande e teve vontade de se deitar. Fê-lo debaixo duma árvore à beira da estrada de pó.
Adormeceu.
Quando acordou doía-lhe o corpo todo. Estava dormente da cintura para baixo e não conseguia, sequer, levantar-se.
Um pássaro mais atrevido, num vôo rasante, picou-lhe o alto da cabeça.
Pensou então nas palavras da fada. Percebeu que aquele agora era o que decidiria o que se seguiria. Não havia futuro, não havia passado, nada. Havia aquele momento presente que o imobilizava e o impedia do daqui a pouco.
Ficou assim, estático, a pensar nas palavras daquela mulher cheia de luz, que lhe apareceu no plano de vida desenhado ao pormenor ontem, para chegar ao amanhã...
(já era um bocadinho sábia, quando escrevi isto e, entretanto, neste hiato, aprendi tanto...)
Perguntou-lhe o que o fazia caminhar há tantos anos aparentemente sem rumo. O velho respondeu:
_ Há pelo menos 50 anos que procuro uma promessa. Disseram-me que há lagartixas verdiroxas e eu quero encontrá-las. Quero ser um nome num livro relacionado com essa descoberta, para que o mundo nunca me esqueça como o homem que descobriu uma lenda, que afinal não era.
A fada parou-o, encostando a mão ao seu peito. E pediu-lhe, gentilmente, que se sentasse ali numa pedra do caminho e a ouvisse.
Com uma voz doce, como só as fadas têm, disse:
_ Velho senhor, passaste cinquenta anos à procura de algo que te perpetuasse para além da vida terrena. Ainda não descobriste a tal lagartixa que projectaste no futuro...um dia encontrarias, quem sabe...entretanto, escapou-se-te o Hoje, o Agora, a única coisa que realmente possuis de certeza. Pensa nisto. Pensa que, perdido que andas obcecado com o momento que aí vem, perdeste opresente. E é só este que vale, que existe, que pode dar-te a paz para fazeres caminho. Mas caminho a sério, não aquele com um destino no lá longe. Pensa nisto.
Com estas palavras desapareceu.
O velho achou que ela era doida, que não percebia nada de objectivos de vida e que se lixasses porque ele ia continuar a sua caminhada.
De repente espirrou. Esse espirro podia ser igual a tantos outros mas não foi. Aconteceu que, naquele momento, sentiu uma tontura muito grande e teve vontade de se deitar. Fê-lo debaixo duma árvore à beira da estrada de pó.
Adormeceu.
Quando acordou doía-lhe o corpo todo. Estava dormente da cintura para baixo e não conseguia, sequer, levantar-se.
Um pássaro mais atrevido, num vôo rasante, picou-lhe o alto da cabeça.
Pensou então nas palavras da fada. Percebeu que aquele agora era o que decidiria o que se seguiria. Não havia futuro, não havia passado, nada. Havia aquele momento presente que o imobilizava e o impedia do daqui a pouco.
Ficou assim, estático, a pensar nas palavras daquela mulher cheia de luz, que lhe apareceu no plano de vida desenhado ao pormenor ontem, para chegar ao amanhã...
(já era um bocadinho sábia, quando escrevi isto e, entretanto, neste hiato, aprendi tanto...)
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