Porque tenho-lhe amor.
Porque, além de outras mil razões, já o fiz, há atrasado, e senti-lhe a falta. Depois voltei, por isso.
Gosto que isto aqui esteja, com um ridículo nome, criado por um ridículo rasgo de estupidez mas, às tantas, ser tudo isso é ser eu, também, além de outras coisas.
Escrevo acelerada e nunca revejo os textos, porque se é para ser em mau que o seja, na sua maior plenitude.
Sou pouco orgulhosa e acho isso um tremendo defeito.
Quero dizer, sou pouco orgulhosa de mim, mas transbordo orgulho da mais pequena coisa que se relacione com os meus rapazes. Se riem, orgulho-me, se me contam alguma coisa parva, orgulho-me, se são bonitos (tão) orgulho-me.
E sei que sou parva porque orgulho é uma coisa que só deve apresentar-se na primeira pessoa. De resto, os outros (mesmo os meus rapazes) não têm nada a ver conosco. Os orgulhos devem ser dos próprios, de mais ninguém.
Dou um exemplo: descendo duma família cheia de heróis, que me precederam mas que em nada me podem fazer vangloriar porque, lá está, o mérito é deles, dos meus antepassados, e não meu.
O Aristíde de Sousa Mendes é meu primo.Pronto, cá está, orgulho-me imensamente dele, não de mim.
Ao meu filho mais pequeno, que entretanto já mede um metro e oitenta e coiso embora tenha 14 anos, foi-lhe apresentado um desafio, na disciplina de História, este ano. A ele e a todos, óbvio. Se tinham alguém na sua família que fosse "conhecido", que tivesse um lugar na nossa história, de Portugal. Um dos colegas disse que o tio-bisavô era amigo do Almirante Gago Coutinho e toda a gente adorou.
Ele falou no primo Aristídes Abranches de Sousa Mendes e explicou que era primo e que o apelido até o provava. Conhecia-lhe o percurso mas teve de o explicar ao resto da turma que (aqui um bocadinho magoada, confesso), não fazia a mínima idéia de quem era o tal do Cônsul.
A professora, essa, rejubilou.
E pediu-me a confirmação, coisa que fiz (lá está o raio do orgulho despropositado).
Houve uma aula dedicada ao tempo em que esse meu primo (esquecido pelo nosso país) foi o tema.
O mais novo chegou a casa e disse-mo, mas sem orgulho próprio, só no outro, no verdadeiro marco, protagonista dum dos episódios de salvamento do genocídio mais relevantes na história da 2ª Guerra Mundial
2 comentários:
Olá Dinada
Aconteceu o mesmo numa aula de história com uma amiga da minha filha (nós amigos da mãe dela) quando falaram de Aristídes de Sousa Mendes e ficaram a saber que naquela turma havia uma descendente...bisneta. Eles ainda assinam com "de Sousa Mendes".
O mundo é uma ervilha ;)
"Mendes"
.... um apelido a ter em conta!
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