Era tarde mas os olhos persistiam em manter-se cerrados como se fosse madrugada. Havia neles cansaço e desânimo o que adiava o despertar.
O corpo avisa-nos do tempo mas o espírito recusa-o. Teima em decidir a alvorada, consoante a vontade do dia.
Nessa manhã recusei o sol. Escolhi o breu da noite, mantendo a persiana corrida para certificar o engano. Quando finalmente cedi ao evidente adiantado da hora resolvi acordar.
Não me arrependi. A janela escancarada mostou-me um dia radioso (embora quase ido), um chilrear aconchegante de passarada citadina, um cheiro a flores que nascem desenfreadamente nos jardins fronteiros ao meu quarto.
Prometi a mim mesma não desperdiçar a manhã que já estava perdida e transformei a hora em pequeno almoço à la americana (escolhi a hora de Boston porque era a que mais me convinha). Remexi todos os relógios que encontrei e escrevi neles 9h. Fiz tudo como se fosse esse o tempo e resultou.
Agora já os arrumei todos, tornando-os consonantes com a verdade.
Amanhã, decidi, acordo às 9h do nosso meridiano. E vou sentir o pulsar agitado da vida obrigatória e escrava do tic tac produtivo!
Haja disciplina...
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