sábado, abril 30, 2005

O Parto e o 1º Aniversário

Razão nasceu um bébé robusto e cor-de-rosa, cor da pele a lembrar a da mãe, naquela manhã quente em que sentiu o extâse que lhe provocou o primeiro orgasmo sentido, e que a levou aqui: a sala de partos.

Era uma divisão fria e com muita luz, embora não se percebesse donde emanava. Era de noite cerrada mas parecia mais dia que o próprio dia. Havia permanentemente gente a entrar e a sair sem que ela percebesse porquê ou para quê. Achava que todos deviam sossegar, aliás como ela sossegava.
Sentia dores mas sem medo. Sabia, instintivamente que eram dores 'das boas', daquelas em que, regra geral, não se morre.
E quando lhe dissram que fizesse força pela barriga, embora sem perceber fê-lo. Três vezes e tinha Razão no seu colo, redondinho e escorregadio: o mais belo bébé do mundo.
Esse momento, mágico e inolvidável, mudou-lhe para sempre a perpectiva da vida. E tudo fez sentido.

Razão era sossegado mas exigente com as horas das refeições. Mamava com uma avidez que provocava dor durante toda a mamada. A mãe contraía-se, embora confortada com o sentir daquela pele cor-de-rosa contra a sua.

Razão mudou-lhe o corpo, mas confiava ser algo temporário e que, em breve, voltaria a recuperar a silhueta longilínea que antes possuía. Mas não era coisa que importasse, agora que gozava o desafio da maternidade.

Quando deu por isso, já Razão tinha as duas pernitas direitas e verticais, sustentava o corpo bamboleante e dava os primeiros passos, embora parecesse ter bebido 3 caipirinhas e não conseguisse seguir o caminho que escolhia.

Tinha passado um ano e, começava aí, a aventura de Razão. A descoberta do espaço...

sexta-feira, abril 29, 2005

O Senhor Razão

Foi baptizado assim por um capricho da mãe, que gostaria de ver a vida do seu menino influenciada pela escolha do nome.

Foi concebido num acaso, na emoção dum momento que afastou a razão dos corpos embrulhados. O suor tem destas coisas e faz escorrer sódio e raciocínio.

Quando descobriu que daquele momento resultou uma gravidez resignou-se. Compreendeu, imediatamente, que tinha comprado um bilhete para uma viagem sem regresso a um mundo completamente novo, que duraria toda a vida que a ambos (mãe e filho) fosse concedida.

Assustada, chamou-lhe Razão na esperança de que, daquele acto emotivo que lhe deu origem, emergisse para a Vida um ser equilibrado e capaz de escolher o uso da mesma, sempre que as circunstâncias o exigissem.

Coisa que ela própria não tinha conseguido, no meio daquele turbilhão de peles, suores e cheiros...

quinta-feira, abril 28, 2005

O Amanhecer Escolhe-se

Era tarde mas os olhos persistiam em manter-se cerrados como se fosse madrugada. Havia neles cansaço e desânimo o que adiava o despertar.
O corpo avisa-nos do tempo mas o espírito recusa-o. Teima em decidir a alvorada, consoante a vontade do dia.

Nessa manhã recusei o sol. Escolhi o breu da noite, mantendo a persiana corrida para certificar o engano. Quando finalmente cedi ao evidente adiantado da hora resolvi acordar.
Não me arrependi. A janela escancarada mostou-me um dia radioso (embora quase ido), um chilrear aconchegante de passarada citadina, um cheiro a flores que nascem desenfreadamente nos jardins fronteiros ao meu quarto.

Prometi a mim mesma não desperdiçar a manhã que já estava perdida e transformei a hora em pequeno almoço à la americana (escolhi a hora de Boston porque era a que mais me convinha). Remexi todos os relógios que encontrei e escrevi neles 9h. Fiz tudo como se fosse esse o tempo e resultou.
Agora já os arrumei todos, tornando-os consonantes com a verdade.

Amanhã, decidi, acordo às 9h do nosso meridiano. E vou sentir o pulsar agitado da vida obrigatória e escrava do tic tac produtivo!

Haja disciplina...

quarta-feira, abril 27, 2005

Abro o Estaminé

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Uma capicua é sempre um um bom sinal. Um aviso. Mostra-me que a realidade vista de lá p'ra cá ou de cá p'ra lá mantêm a essência das coisas, mudando apenas a perspectiva.

Acho que a sorte vai mudar :)

terça-feira, abril 26, 2005

'Úrsula'

'Geometria' óssea
'Táxi' à cabeça
Tintura 'idiota'
'Câncaro da prósta'
Infecção nas 'ingivas'
'Broncos' irritados

Pérolas populares...

Ah, é verdade, falta o 'cóvér' de queijo da serra e a obra 'embrulhada' pela Câmara!!!

quinta-feira, abril 21, 2005

Sem Peios

Posso responder de dentro p'ra fora. Porque o contrário é enganador. Eu não gosto de enganos, embora saiba que com eles sobrevivo. Porque mesmo sabendo, nunca sei. Porque desejo sem querer. Porque falho nesta missão simples, básica, da subsistência...até nisso. Quanto mais no maizalém!

Mas chego lá...

Escuta

Se eu volatizasse, sentirias a ausência?
Se eu não pudesse corresponder ao ideal que desenhaste, sozinho, falharia?

Se eu pudesse, era diferente?

Eu tenho todos os lados duma circunfrência...podes sempre escolher o melhor e aí te deter. Eleger uma parte preterindo as outras. Escutar o barulho surdo de mim, que se manifesta sempre envergonhado, porque escondido se descobre.

Eu quero ser um todo, hegemónico embora contraditório, sempre verdadeiro e real.

Quando deixar de ser, já não pertenço...tão só!

Nota de Rodapé dirigida ao chato do Pêndulo: quando falo em hegemonia, quero referir uma simbiose de mim com tudo/todos e vice-versa, que não me repugna mas que recuso muitas vezes...percebeu???

terça-feira, abril 19, 2005

Utopias

Estar agora naquela tal ilha deserta, com os Tomos I e II estudadinhos, a pescar alegria num mar salgado...

segunda-feira, abril 18, 2005

Surpreendendo o Mundo à Janela

Pois é Sara, para veres que às vezes posso surpreender-te :)

Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?

Seria, concerteza, um livro didáctico. Ensinaria a somar, mais do que a subtrair e a multiplicar para depois dividir.

Já alguma vez ficaste apanhadinha por um personagem de ficção?

Já, confesso corando: O Prícipe Valente, a personagem principal duma banda desenhada fantástica que me acompanhou na adolescência.

Qual foi o último livro que compraste?

Num impulso, comprei um Código Civil Anotado, porque precisava de consultar a 'nova' Lei do Arrendamento Urbano (bocejo).

Qual o último livro que leste?

Bom, estou a ler uns quatro ou cinco em simultâneo.

Se contar só aquele em que cheguei ao finalmente: O Cavaleiro da Armadura Enferrujada, cujo autor não me recordo e, como foi emprestado e devolvido, não posso procurar (ah, esperem, o Google...já volto) - apareceu um resultado, relacionado com uma peça de teatro com o mesmo nome, anunciada no Jornal do Fundão, em que a autoria é atribuída a Isabel Bilou...não me parece que seja dela, porqe tinha ideia de que o género do autor seria masculino...

De resto, tenho na mesa de cabeceira a Casa da Loucura, de Patrick McGrath, na mesa da sala Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura, de António Lobo Antunes (estou a lê-lo há uns 3 anos e vou na página cento e tal), Os Três Cavalos, de Erri de Luca, A Arte de Amar, de Erich Fromm, O Dragão com Asas de Borboleta e outras histórias zen-taoístas, de Swami Deva Prashanto, A leitura do Rosto, de Rodney Davies, O Caso Morel, de Rubem Fonseca, Um Dia Atrás do Outro, de Laurinda Alves, Vozes e Ruídos, de Daniel Sampaio e ainda Homens na Cozinha, Mulheres no Sofá, de Gaby Hauptmann...

Afinal, este teste serviu para perceber que tenho muita leitura para por em dia, apre!!!

Que livro estás a ler?

É o que dá não ler as perguntas todas duma vez. Todos os acima mencionados, mais alguns que devem estar debaixo da cama ou na casa-de-banho e não encontro...

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?

Manual de Sobrevivência Numa Ilha Deserta, tomos I, II, III, IV e V.

Três pessoas a quem vais passar este testemunho e porquê?

Não me parece que consiga reunir três leitores deste blog, a quem possa passar o testemunho. Só devo ter no máximo dois e, mesmo esses, como só aqui passam de quando em vez, correria o risco de, quando respondessem, já não houvesse blogoesfera mas sim outra coisa qualquer, muito mais sofisticada.

UFA!!!

sábado, abril 16, 2005

Ambientes

Tenho a casa um mimo.

As contingências do presente dão-me sobras do tempo. Este, bem aproveitadinho, tem-me proporcionado momentos de imenso prazer, aplicando-o na transformação deste meu 'cantinho' num aconchego esteticamente agradável.

Flores e mais flores e que diferença. Pratos espetados na parede, baús antigos brilhantes como novos, fotografias por todo o lado, espelhos a tornar o espaço ainda maior e música, muita música.

Inverti o papel dum tabuleiro, pendurando-o por cima do sofá.

Faltam-me os candeeiros e o 'pilim' para tratar disso. São muitas divisões (seis?!) e por enquanto safo-me com uma lâmpadas penduradas que, servindo o propósito de iluminação, não deixam de dar uma certa graça ao espaço, tornando o contraste rico/pobre vísivel.

Às vezes, é preciso quase nada para se ser feliz.

Experimentem ter a Primavera dentro de portas, mudando as cores do ambiente usando apenas a imaginação.

Olha...

Que descanse em paz.

:)

A Ver...

As tentativas de escrever aqui qualquer coisa têm sido sistematicamente frustradas. Mal acabo um texto e clico ali, no 'publish', esta porra fecha a página e lá se vai tudo pró buraco negro.

Mudo a estratégia e clico em 'save as draft'. Nem preciso dizer que, pimba, lá se repete a cena.

Estou a escrever isto na certeza de que o buraco negro (esse esfomeado) precisa de se alimentar mais uma vez e que este textozinho lhe vai saber que nem gingas...

Enfim, um dia pode ser que morra. De obesidade mórbida já sofre, certamente!

domingo, abril 10, 2005

Intervalo

A programação segue dentro de momentos.

(para além da falta de vontade, alia-se-lhe um vírus maléfico que não me deixa 'postar')

quarta-feira, abril 06, 2005

Os Animais são Nossos Amigos

Ok, a frase é irónica...mas a ironia que contém serve de 'descompressor', descartando assim interpretações enviezadas daquilo que passo a escrever.

Tenho uma profunda antipatia por fundamentalistas, seja de que espécie ou sob que pretexto for. E incluo neste rol algumas associações dos direitos dos animais que, de vez em quando, lá aparecem, estridentes, entrando casa adentro através do televisor.

Eu gosto tanto dos seres irracionais (só de alguns, confesso), como aqueles que, agarrando a bandeira dos direitos dos mesmos, fazem folclore permanente com ela, agitando-a por tudo e por nada e, quanto a mim erradamente, perseguindo a 'equivalência' dos direitos deles aos dos outros: os 'racionais'. (como se estes últimos tivessem o problema dos seus direitos resolvido...).

Depois, há sempre a pulga, o piolho, a barata, a centopeia que, estando no reino animal, não colhem simpatia. E são exterminados sem dó nem piedade. Porquê então? Ora essa...

As grandes causas, no entanto, passam-lhes ao lado. Como a horrenda 'caça' às focas bébés, cuja época acabou de abrir no Canadá. (confesso que nunca vou entender como se é capaz, que raio de seres são aqueles que conseguem à paulada ignorar aqueles olhitos pretos, redondos como berlindes, mais surpresos que assustados...).

Acho que o segredo está no bom-senso (como aliás, está sempre...redundância).

Os animais são nossos amigos, ah pois são...mas não deixam de ser isso mesmo, animais. E eu gosto deles assim.

terça-feira, abril 05, 2005

Conexões Desconexas

Estava mais p'ra lá do que p'ra cá.
Com sono, sem força, cansada e com dificuldades de coordenação motora.
Curiosamente sentia-me flutuar, serena, como se passeasse numa autroestrada de nuvens fofas, em que a ausência de gravidade foi capaz de, daqui ali, me levar num salto a percorrer a infinidade de espaços que o espaço tem.

E lembrei-me do tempo, que não há.

domingo, abril 03, 2005

Artistas Nacionais

Hoje houve missa solene na Sé de Lisboa, às 17h.
Celebração eucarística especialmente dedicada à alma de João Paulo II, o Papa falecido ontem.

De repente, à entrada dos membros do Governo no templo, explode a populaça em aplausos. Sim, aplausos à medida que vão entrando, um a um. O maior artista? O merecedor da maior salva? Freitas do Amaral...

Tenham tino, pessoas, tenham Tino (esse, que me conste não compareceu - literalmente - senão, às tantas, tinhamos vira minhoto ou isso...)

Há momentos em que isto de ser lusitana me dá cá uma urticária!

sábado, abril 02, 2005

Amanheceu Assim...

Um dia cinzento e chuvoso.

Céu chumbo
Chumbo dente
Dente boca
Boca beijo
Beijo amor

Como se transcreverá a onomatopeia correspondente ao silvo da cobra?

Cobra Eva
Eva Adão
Adão paraíso
Paraíso amor

Sempre o Amor...

:)

sexta-feira, abril 01, 2005

Quanto à Terri

Nem me apetece escrever nada porque as palavras sairiam lamechas e cheias de perplexidades (as mesmas que me perseguem desde o conhecimento do 'caso') e não trariam nada de novo a não ser a derradeira lágrima.

RIP

Os Sonhos...

Normalmente os meus sonhos não têm qualquer sentido. São povoados de estranhos, em lugares desconhecidos e com enredos 'fellinescos'.

Mas hoje não foi assim. Hoje sonhei com coimas e com as dúvidas que carrego em relação ao poder discricionário dos agentes da autoridade em relação ao valor a aplicar às transgressões previstas no Código da Estrada.

A parte gira do sonho tem a ver com o facto de ter tido a 'oportunidade' de falar com a jornalista Fátima Campos Ferreira, apresentadora do 'Prós e Contras', e tê-la questionado sobre o programa de segunda-feira passada, em que o assunto foi aflorado mas sem qualquer profundidade e menos ainda conclusivo (um pormenor que me fez rir, no sonho: ela era caixa numa merceeria de que, parece-me, era proprietária, e respondia às perguntas dos clientes, enquanto pagavam as bananas e as couves de bruxelas).

Nesse programa, que segui com atenção, ficou claro que depende do critério do agente a determinação da gravidade da transgressão e, consequentemente, o valor da coima a aplicar (pormenor: descobri também uma nova fonética para essa palavra, no tal programa - côima - pelo vistos é assim e não deixei de sorrir).

Posso não concordar com este 'poder' atribuído assim, como a subjectividade necessariamente presente, mas até aceito.

Agora, consciente que existem 'intervalos' que vão dos € 500 até aos € 2.500, começo a ficar preocupada. Deveras...

Espero, ao menos, que o agente que me vier a confrontar com alguma 'asneira' que não estou livre de fazer enquanto condutora ou até mesma 'piona', me ache suficientemente simpática (e até, quiçá', giraça), para que, a autuar-me, estabeleça a respectiva coima no mínimo desse intervalo.

Ah pois é.