quinta-feira, novembro 30, 2006

Das Experiências da Vida vs Ser Mãe...

18 anos.
Primeiro desgosto de amor.
Pedido de socorro a uma mãe absolutamente néscia nessa questão.

Conselhos possíveis: seca as lágrimas, meu amor; tens a vida pela frente; nada nem ninguém merece que baixes os braços, que deixes de lutar por ti; eu estou e estarei aqui, sempre, para te lamber as lágrimas.

Diz-me ele: é muita coisa ao mesmo tempo, mãe; é o avô que tem cancro (pois, o meu querido pai, soube-o ontem, operação marcada para 20 de Dezembro); é o pai que já não sabe se posso passar o Natal com ele; tive um irmão e não o conheço; porque tiveste que o deixar, de te separar assim? a minha vida está de pernas para o ar; mãe, socorro.

Muitos beijos e abraços depois, serena.

É difícil ter 42 anos, quanto mais 18.

Tanta Gente

Tanto barulho.
Tantos corpos sem caras, sem sentido.

Corro à procura da saída,
que me tire daqui, deste sufoco.

Começo a andar devagar e vislumbro-a.
Há uma porta branca com um sol pintado de amarelo.
Abro-a, confiante. A fuga!

E, sem contar, estás lá.

E agarras-me.

E possuis-me ali mesmo, contra a tal porta branca com um sol pintado de amarelo.

Num instante, repintamos o mundo, o sol a lua e as estrelas.
Doutra cor. Da cor do sonho!

terça-feira, novembro 28, 2006

Poema do Mestre e Considerações Vulgares...

R o d o p i o

Volteiam dentro de mim,

Em rodopio, em novelos,
Milagres, uivos, castelos,
Forcas de luz, pesadelos,
Altas torres de marfim.


Ascendem hélices, rastros...
Mais longe coam-me sóis;
Há promontórios, faróis,
Upam-se estátuas de heróis,
Ondeiam lanças e mastros.


Zebram-se armadas de cor,
Singram cortejos de luz,
Ruem-se braços de cruz,
E um espelho reproduz,
Em treva, todo o esplendor...


Cristais retinem de medo,
Precipitam-se estilhaços,
Chovem garras, manchas, laços...
Planos, quebras e espaços
Vertiginam em segredo.


Luas de oiro se embebedam,
Rainhas desfolham lírios:
Contorcionam-se círios,
Enclavinham-se delírios.
Listas de som enveredam...


Virgulam-se aspas em vozes,
Letras de fogo e punhais;
Há missas e bacanais,
Execuções capitais,
Regressos, apoteoses.


Silvam madeixas ondeantes,
Pungem lábios esmagados,
Há corpos emaranhados,
Seios mordidos, golfados,
Sexos mortos de ansiantes...


(Há incenso de esponsais,
Há mãos brancas e sagradas,
Há velhas cartas rasgadas,
Há pobres coisas guardadas -
Um lenço, fitas, dedais...)


Há elmos, troféus, mortalhas.
Emanações fugidias,
Referências, nostalgias,
Ruínas de melodias,
Vertigens, erros e falhas.


Há vislumbres de não-ser,
Rangem, de vago, neblinas;
Fulcram-se poços e minas,
Meandros, pauis, ravinas
Que não ouso percorrer...


Há vácuos, há bolhas de ar,
Perfumes de longes ilhas,
Amarras, lemes e quilhas -
Tantas, tantas maravilhas
Que se não podem sonhar!...



Mário de Sá Carneiro
O Poeta. Paris, Maio de 1913



Sou vulgar
Não sei (d)escrever o amor
Mas senti-lo nos ossos, dóidos roídos
Pelo meu corpo, na força do teu
Que magoa, num prazer bom
Sem medidas
Isso? Vivo.

Di
Aprendiz de Feiticeira. Lisboa, Novembro de 2006

(sem direito a itálicos, ainda)

domingo, novembro 26, 2006

Não Queiras Saber de Mim...

Carlos Tê / Rui Veloso


Não queiras saber de mim
Esta noite não estou cá
Quando a tristeza bate
Pior do que eu não há
Fico fora de combate
Como se chegasse ao fim
Fico abaixo do tapete
Afundado no serrim

Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo

Mas tu pões esse vestido
E voas até ao topo
E fumas do meu cigarro
E bebes do meu copo
Mas nem isso faz sentido
Só agrava o meu estado
Quanto mais brilha a tua luz
Mais eu fico apagado

Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim


Dança tu que eu fico assim
Porque eu estou que não me entendo
Não queiras saber de mim
Hoje não me recomendo

Dum Amigo!

"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E aprendes que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança.
E começas a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas.
Acabas por aceitar as derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprendes a construir todas as tuas estradas de hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de algum tempo aprendes que o sol queima se te expuseres a ele por muito tempo.
Aprendes que não importa o quanto tu te importas, simplesmente porque algumas pessoas não se importam...
E aceitas que apesar da bondade que reside numa pessoa, ela poderá ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso.
Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobres que se leva anos para se construir a confiança e apenas segundos para destruí-la, e que poderás fazer coisas das quais te arrependerás para o resto da vida.
Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que tens na vida, mas quem tens na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprendes que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebes que o teu melhor amigo e tu podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobres que as pessoas com quem tu mais te importas são tiradas da tua vida muito depressa, por isso devemos sempre despedir-nos das pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos.
Aprendes que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começas a aprender que não te deves comparar com os outros, mas com o melhor que podes ser.
Descobres que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se quer ser, e que o tempo é curto.
Aprendes que, ou controlas os teus actos ou eles te controlarão e que ser flexível nem sempre significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, existem sempre os dois lados.
Aprendes que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer enfrentando as consequências.
Aprendes que paciência requer muita prática.
Descobres que algumas vezes a pessoa que esperas que te empurre, quando cais, é uma das poucas que te ajuda a levantar.
Aprendes que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que tiveste e o que aprendeste com elas do que com quantos aniversários já comemoraste.
Aprendes que há mais dos teus pais em ti do que supunhas.
Aprendes que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são disparates, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobres que só porque alguém não te ama da forma que desejas, não significa que esse alguém não te ama com tudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo.
Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, poderás ser em algum momento condenado.
Aprendes que não importa em quantos pedaços o teu coração foi partido, o mundo não pára para que tu o consertes.
Aprendes que o tempo não é algo que possa voltar para trás. Portanto, planta o teu jardim e decora a tua alma, ao invés de esperares que alguém te traga flores.
E aprendes que realmente podes suportar mais ... que és realmente forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que tu tens valor diante da vida!
As nossas dádivas são traidoras e fazem-nos perder o bem que poderíamos conquistar, se não fosse o medo de tentar."

* William Shakespeare*

Honestidade Absoluta!

A dos espanhóis.

Que chamam às suas tascas Bodegas!

Gosto disso...

sábado, novembro 25, 2006

Estranhas Sensações!

Fui agora mesmo acordada com os gritos de alegria dos meus três rapazes. Celebravam o nascimento do irmão, hoje, às 4h da manhã.

Estranheza.
Percorre-me um sentimento ambivalente. Não fui eu a mãe, não tive as dores e dormia na paz dos anjos àquela hora matutina.

Sinto aquele rapaz como um bocadinho meu. Tem no sangue o sangue dos meus.

Que sejas muito feliz, Anton.
Que consigas crescer rodeado destes irmãos que já te adoram sem te ter visto. Que os quatro sejam sempre os maiores companheiros.

Nota: nasceu no mesmo dia do meu amigo Jorge, aquele de quem já aqui falei e que, se cá estivesse, faria hoje 41 anos.

sexta-feira, novembro 24, 2006

O Que É o Amor?

No meu périplo diário pelos meandros da internet encontrei, por acaso, um blogue que, ao que parece, lançará brevemente um livro que fala do tema. O que é o amor?

Eu acrescento 'raio do' entre 'é' e 'o amor'.

E explico.

Que raio é o amor ?, pergunto-me!

É uma coisa egoísta, feia, manipulável, manipulada, construída, auto-inflamada?
É uma coisa altruísta, feita de dádiva, simplicidade e compreensão?

É as duas coisas?

Não é nada de coisa nenhuma?

É imaginação fértil ou necessidade física?

Tenho para mim que o único e verdadeiro amor profundo e gratuito que existe é o filial: pais por filhos, filhos por pais...ok, acrescentem irmãos às vezes...e até primos e amigos, outras tantas.

De resto, o amor é hoje o que não é amanhã.
Temos pena...*

*comprovado cientificamente por A+B

quarta-feira, novembro 22, 2006

Olhar para Trás.

Correr a olhar para trás é um risco.
Das duas uma:

_ corre-se desenfreadamente sem nunca voltar a cabeça;

_ caminha-se, parando por vezes numa sombra qualquer, questiona-se o caminho e segue-se em frente. Devagar, sem tropeções...com o mapa reescrito as vezes que for preciso!

terça-feira, novembro 21, 2006

Natais Difíceis...

Já tive alguns, por partidas e ausências dolorosas. Definitivas o que exponencia a dor.

Desta vez a estreia é outra, não menos dolorosa. Vai ser o meu primeiro Natal e Ano Novo sem os meus filhos...e eles não vão estar ali ao lado, não. Vão estar loooonge, longe.

Seria insuportável, não tivesse eu encontrado alguém que, como eu, quer partilhar este momento de mão dada. Na solidão parental, mas com o amor escolhido, em amparo e mimo.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Quando Convém...

A astrologia é uma ciência, experimentalmente comprovada, cheia de racionalidade e lógica:

Previsão de 20 a 26 de novembro

O canceriano vive uma semana voltada para as parcerias, sejam elas de trabalho ou mesmo sua parceria com a pessoa amada. Sua intensidade emocional está fortíssima nestes dias e você precisa controlar o excesso de ciúme. A vida sexual está em alta. Se estiver sozinho, sentirá algo muito intenso por alguém que aparecer na sua vida.


:D

(ai eu...)

domingo, novembro 19, 2006

Astros!

Só distingo um, no meio da miríade infinita que preenche o céu. Aquele que os conhece como ninguém e que, mesmo longe, está aqui comigo, de mão dada.

Olhamos o firmamento e firmamos o amor.

Tantas histórias me vais contar, tantas...

sexta-feira, novembro 17, 2006

Voltando à Crónica...

Parece-me que estar doente (assim só doentinha) pode ser um bálsamo. Abranda-se a vida, necessariamente. Corre-se menos. E percebe-se que o mundo não pára se ficarmos 3 dias em casa, num dolce far niente que enriquece o espírito e retempera forças e ânimo.

Estes dias têm sido reveladores de muita coisa. O balanço? Positivo.
A aprendizagem enriquecedora só se faz em travessias de desertos, descobrindo oásis.
Achei que ia morrer de sede. Deitei-me na areia quente e, quando acordei, estava uma fonte ali, mesmo ali. E bebi dessa água. Retemperei a força e, além de sobreviver, vivo! É que faz toda a diferença.

Para os meus Amigos que me deram a mão fica a gratidão eterna pela força, sabedoria e sensatez que me passaram. Nunca vou esquecer.

Para aqueles que acham que gostam de mim mas nem sabem o que isso é (acontece), pensem melhor e se acharem a saída do labirinto do engano, apitem.

Continuo a perseguir o sonho de ser completa, umas vezes feliz outras nem tanto.
Vou lembrar-me todos os dias de me mimar. Hoje, por exemplo, mimei-me duma forma que parecerá estranha: deitei fora muita coisa, sendo coisa bens que nada valem, que nada me dizem, cujo significado se perdeu no tempo.

Olhando para o caixote que pus na minha rua (atenção, chamei a câmara porque tenho preocupações ecológicas), perto da porta, vejo partir uma miríade de sensações.
Alívio.
Tristeza contente.

Entretanto leio os livros dos outros e vou escrevendo mentalmente o meu. Tenho acordado cedíssimo e venho a correr escrever as memórias dos sonhos que me povoam a noite. Tanto que se aprende, prestando atenção.

E uma paz estranha invade-me, dizendo-me que o caminho é este...

quinta-feira, novembro 16, 2006

Chegou Hoje a Encomenda!

Tinhas feito a encomenda há mais de um mês.
Esperavas em vão pela entrega que não chegava.

Talvez porque o tempo tem um tempo que só o tempo tem,
hoje chegou-te.

E as outras mãos que sabia existirem lá estavam. Envolventes. Que me arrebataram o coração dum fôlego só, sem nunca me tocarem. Que me fizeram ver, de novo, as estrelas que pensava não haver mais.

Estou atenta ao céu...

Ainda e a Propósito!!!

Mãos há muiiitas, sua palerma.

É a gripe, a febre e os antipiréticos que me fazem isto.

Sorry!

(amanhã melhoro, espero)

terça-feira, novembro 14, 2006

Instantâneos!

Assim, do nada, lembro-me das tuas mãos...
Belas mãos tu tens.

Eu gosto de mãos assim, fortes e delicadas, cheias de ternura e amparo...

domingo, novembro 12, 2006

Aniversários.

Há-os de quase tudo.

À cabeça, os de nascimento, de casamento, de morte.

Valorizam-se a si próprios só porque o calendário os aponta.

Hoje é, para mim, um aniversário atípico, em que duas mãos encontraram a terceira e quarta que, num abraço, mudaram rumos.

Mas isso, do aniversário, é celebrado todos os dias, enquanto houver memória.

Reposição!

Triste sina
A dos amantes não recíprocos
Triste fim
Triste dessincronia de corpos
Complexa troca de tempos
Em que o amor de um
Se perde no outro


Tentativa de poema.
Criado por mim em Março deste ano.
Curiosamente, relido, encontro-lhe talento. E sentido...

sábado, novembro 11, 2006

11 do 11

São Martinho



Num dia tempestuoso ia São Martinho, valoroso soldado, montado no seu cavalo, quando viu um mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe estendia a mão suplicante e gelada.
S. Martinho não hesitou: parou o cavalo, poisou a sua mão carinhosamente na do pobre e, em seguida, com a espada cortou ao meio a sua capa de militar, dando metade ao mendigo.
E, apesar de mal agasalhado e de chover torrencialmente, preparava-se para continuar o seu caminho, cheio de felicidade.
Mas, subitamente, a tempestade desfez-se, o céu ficou límpido e um sol de Estio inundou a terra de luz e calor.
Diz-se que Deus, para que não se apagasse da memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a benção dum sol quente e miraculoso.




Lenda tradicional

quinta-feira, novembro 09, 2006

quarta-feira, novembro 08, 2006

Acasos?

Só posso achar que os acasos não serão bem isso.

A minha percepção das coisas que parecem aleatórias é crítica, sempre.

Talvez seja só, unicamente, a esperança a vencer-me.

terça-feira, novembro 07, 2006

A Dança da Vida

Nem sempre tem a melodia certa.
Por vezes, a desarmonia é tanta que trocamos os pés nas valsas e rumbas.
Outras, mesmo na harmonia dos acordes, tropeçamos nos nossos próprios pés.
Antes tropeçar nos do par. Esse, felizmente, podemos trocar.

Eu tenho tendência a não precisar de par para que isso do tropeção aconteça. Basto-me a mim própria, no dejeito do balanço e na queda lá do alto.

(e não há tempo para aulas de dança)

sábado, novembro 04, 2006

Lembrete

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 8-3-1914

sexta-feira, novembro 03, 2006

Memórias

Não escrevi ontem porque o destino me pregou uma partida e me impediu de o fazer aqui.

1 de Novembro, dia de Todos os Santos
2 de Novembro o Dia dos Mortos (em descanso)

Dias de espíritos maiores...dias mágicos!

quarta-feira, novembro 01, 2006

Ritos...

Os ritos são intercâmbios, sequenciais e previstos.
Transacções sem surpresas.
Usam-se para obter a falsa segurança de que muitas vezes julgamos precisar e outras tantas nos dizem, convencem ou ensinam que precisamos.
Os ritos têm diversas intensidades. Desde a religião, a “cultura”, os aniversários os dias da mãe, etc., até ao simples rito do “olá vizinho, como vai?”

É importante criar comissões que ensinem os nossos vizinhos de cada bairro a responderem adequadamente a esta pergunta. No meu bairro, pelo menos, a resposta adequada a “Olá como vai?” é:
-olá como vai?
No caso do vizinho mais próximo, poderá responder-se:
-bem e o senhor?
Neste caso, o diálogo deverá continuar assim:
-bem, obrigado.
Fim do encontro!

Conselho: nunca te passe pela cabeça responder ao teu vizinho como estás quando ele te pergunta como vais. Correrias o risco de não tornar a ser cumprimentada, e poderias chegar a ser expulsa do bairro.
Do seu ponto de vista, Leo Buscaglia – no seu livro” Viver, amar, aprender” – conta uma coisa parecida. Buscaglia pergunta porque é que as pessoas, quando sobem num elevador, se colocam de frente para a porta. Todas de pé com as mãos pudicamente afastadas de toda a possibilidade de roçarem com os demais.

«Quando eu entro num elevador, nunca me volto para a porta. Em geral, coloco-me em frente de todos e olho para eles. Às vezes, digo:
- não seria maravilhoso que o elevador ficasse parado durante horas e nos desse tempo de nos conhecermos?
A resposta é sempre a mesma. No andar seguinte, toda a gente sai do elevador aos gritos:
- está aqui um louco que diz que quer que o elevador fique parado!»

No que diz respeito, confesso publicamente que tenho um ritual.
Detesto os ritos. Detesto-os a tal ponto que nunca dou prendas de anos (excepto às crianças, para quem os dias de anos têm muita importância). Nunca recordo nenhum aniversário. Há muitos anos que não professo qualquer religião, nem visito cemitérios. Deixei de contar há quantos anos é que…
Ser tão anti-ritualista é decididamente um rito."


Jorge Bucay

Tem piada. Identifico-me com este texto mas tenho medo de elevadores. Paradoxos, again...