Os ritos são intercâmbios, sequenciais e previstos.
Transacções sem surpresas.
Usam-se para obter a falsa segurança de que muitas vezes julgamos precisar e outras tantas nos dizem, convencem ou ensinam que precisamos.
Os ritos têm diversas intensidades. Desde a religião, a “cultura”, os aniversários os dias da mãe, etc., até ao simples rito do “olá vizinho, como vai?”
É importante criar comissões que ensinem os nossos vizinhos de cada bairro a responderem adequadamente a esta pergunta. No meu bairro, pelo menos, a resposta adequada a “Olá como vai?” é:
-olá como vai?
No caso do vizinho mais próximo, poderá responder-se:
-bem e o senhor?
Neste caso, o diálogo deverá continuar assim:
-bem, obrigado.
Fim do encontro!
Conselho: nunca te passe pela cabeça responder ao teu vizinho como estás quando ele te pergunta como vais. Correrias o risco de não tornar a ser cumprimentada, e poderias chegar a ser expulsa do bairro.
Do seu ponto de vista, Leo Buscaglia – no seu livro” Viver, amar, aprender” – conta uma coisa parecida. Buscaglia pergunta porque é que as pessoas, quando sobem num elevador, se colocam de frente para a porta. Todas de pé com as mãos pudicamente afastadas de toda a possibilidade de roçarem com os demais.
«Quando eu entro num elevador, nunca me volto para a porta. Em geral, coloco-me em frente de todos e olho para eles. Às vezes, digo:
- não seria maravilhoso que o elevador ficasse parado durante horas e nos desse tempo de nos conhecermos?
A resposta é sempre a mesma. No andar seguinte, toda a gente sai do elevador aos gritos:
- está aqui um louco que diz que quer que o elevador fique parado!»
No que diz respeito, confesso publicamente que tenho um ritual.
Detesto os ritos. Detesto-os a tal ponto que nunca dou prendas de anos (excepto às crianças, para quem os dias de anos têm muita importância). Nunca recordo nenhum aniversário. Há muitos anos que não professo qualquer religião, nem visito cemitérios. Deixei de contar há quantos anos é que…
Ser tão anti-ritualista é decididamente um rito."
Jorge Bucay
Tem piada. Identifico-me com este texto mas tenho medo de elevadores. Paradoxos, again...
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