Em conversa num grupo alargado de mulheres da minha geração, de todos os estados civis, discutia-se o que nos prenderia a um homem por toda a vida.
Para além de todos os lugares-comuns, óbvio.
Falou-se na compatibilidade de feitios, fundamental, na amizade que fica, no olhar bom.
Eu disse: escolher um pianista e um piano.
Ficou tudo em silêncio, à espera de complemento a uma afirmação que necessita de mais pormenor. Até porque as caras denunciavam um misto de perplexidade e de compaixão. Sim, as presentes são inteligentes e perspicazes qb, daí talvez as tenha assaltado um pensamento imediato: um piano? não basta o pianista?
Bom, acontece que haveria um piano porque seguramente ele precisaria dele sempre para poder estudar, praticar e...tocar.
Confesso. em casa dos meus pais sempre houve piano. O meu pai arranhava umas coisas e nós os três filhos aprendemos mas nunca passámos de básicos tocadores.
Uma vez o meu irmão levou um amigo lá a casa, esse sim fazia sair daquelas teclas qualquer coisa de extraordinário. Acreditem ou não, fiquei petreficada olhando aquelas mãos o tempo todo que durou a performance e nem me lembro da cara dele.
Tinha 15 anos.
Concluindo. Um pianista de cada vez que toca transporta-me a outro mundo. Tocar um piano é um dos mais bonitos actos de sedução.
Dirigido só para mim seria sempre o supremo grito de amor.
Um pianista, um piano, uma casa, a música tocada com o olhar no meu, de todas as vezes.
A paixão eterna...
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