sábado, fevereiro 09, 2008

Surpresa Com Destinatário!




Meditação sobre o Rio Tejo

Marini Portugal


Gaivotas planando no ar,

Sobre as águas do meu rio,

Vens de longe, muito longe,

Leva-me para o mar…



Vejo-te com os olhos da memória,

Dos séculos que partiram…

Incógnita de tantos sonhos

Que se alcançaram

E que se perderam…



Guardador do templo e do tempo,

Tu és um mistério…



De ti partiu o sonho, a obra, a vida, a morte…

A tua tranquilidade nos reflexos trémulos das luzes

É a ansiedade e o medo do porto de partida,

O presságio supersticioso das tempestades,

De tantos que foram e naufragaram…



És porto de abrigo da doçura dos torna viagem…

Nos teus silêncios guardas segredos insondáveis,

Ai!... Se falasses dos actos de valentia e bravura,

Das omissões e das esperanças traídas,

De tantas cobardias e traições…



Testemunha de rotas para o mar largo do Mundo,

Origem dos cruzamentos de todos os destinos,

Nessa epopeia do mar sem fim português…

Testemunha também da cobiça de tantos,

E da epopeia secular do abandono…



Da sorte mártir dos esquecidos da Ásia e da África…

Que dizer das soturnas luzes sonâmbulas

Da escravatura e da corrupção nos navios e no comércio! …

Tão bem assimilada e hoje consagrada nas tuas margens,

A teus olhos, na política, no governo, no betão…



Ruas, avenidas, praças, arranha-céus, engarrafamentos,

É a cidade das luzes e luzes da falta de glória…

Emaranhado corrupto das formas de vida…

Rio Tejo!... Parece que desde sempre te contradizes

No sentido do curso da corrente das tuas águas…



De início foste o mar do nosso esplendor,

Depois nas contracorrentes dele te afastaste,

E, hoje, nos atiras terra adentro,

Nesta pequena terra dos homens,

Proibindo-nos a tua alma de antanho…



Das praias alvíssimas, das tempestades tropicais,

Do mar azul, dos oceanos sem fim,

Pacífico, Índico e Atlântico…

Das gentes do nosso contentamento,

Das terras que foram nosso destino…



Rio Tejo!... Foste o destino do ontem português…

E hoje Rio Tejo?!... Que destino para o meu País?...


Portugal, 2007

(promessa cumprida)

1 comentário:

Anónimo disse...

O Rio Tejo, onde os meus olhos tanto viram e se deleitaram com as graciosas brincadeira dos golfinhos, e hooje um rio sujo, sem graça, vazio e a morrer.
Obrigado aos senhores que tal obra fizeram, pena que por alguns muitos percam, até quando....!?