quarta-feira, dezembro 14, 2005

Amadeu Baptista, Poeta Vivo

(também o tradutor do poema do post abaixo)


O armário onde guardo os botões cor-de-rosa
fica neste lado da casa, coloquei-os
dentro de um boião azul e sempre que os vou procurar
encontro coisas de outra cor, quer dizer,
encontro botões com outras tonalidades
que nada têm a ver com o azul ou com a cor
rosa, mas antes com a cor que tem um prado
meia hora antes de amanhecer, ou com um rio
que se esqueceu de adormecer depois da hora combinada,
exactamente dois minutos antes da meia-noite.
Por esta razão a minha mãe desistiu de me ensinar os tons
do arco-íris e diz que sempre que eu quiser aprender as cores
devo ir procurar no relógio de pulso do meu pai
que, como toda a gente sabe,
nunca se atrasa nem nunca se adianta.

4 comentários:

mfc disse...

Há momentos (os bons...) em que gosto muito que ele se atrase!

Pêndulo disse...

Não há poema que resista
ao Amadeu Baptista.

Ana disse...

É bonito, sim senhora. Mas com menos que isso já te deixavas de ermitismos e íamos cafezar, não? :-)*

Mr. Steed disse...

a tipa não te responde ó endireita. tá demasiado entretida a escrever coisas pirosa aqui no blogue....éle ó éle.